Jornal da COMUNICAÇÃO CORPORATIVA | Especial

DIA DA COMUNICAÇÃO EMPRESARIAL 11 Nem mesmo nos sonhos mais criativos, imaginou-se atravessar um 2020 tão desafiador. Por causa da pandemia, o mundo sofreu abalos de toda ordem, não sobrou pedra sobre pedra, aspectos socioeconômicos sofreram sérios impactos em escala global. A indústria, de uma forma geral, enfrentou mares revoltos e teve que se segurar para não perder o leme. Com o mercado de comunicação corporativa, não foi dife - rente. Emmaior ou menor grau, todas as agências de comuni - cação sofreram alguma perda em seu faturamento. Momento de balanço para se averiguar o que fica e o que sai de cena para dar lugar a uma jornada que possibilite o enfrentamen - to do mundo pós-crise pandêmica. Absolutamente nenhuma ação, pensada sob o enfoque de comunicação estratégica, fi - cou isenta às mudanças geradas pelo contexto atual. Por outro lado, a comunicação corporativa sobe de pata - mar, ganha relevância e terá assento garantido na mesa das decisões estratégicas de empresas que precisam contornar, de uma forma ou de outra, o período conturbado e olhar para o futuro. A gestão da crise de imagem para garantir que a re - putação dessas organizações permaneça com bom nível de respeito junto aos seus principais públicos de interação é, sem dúvida, umdos serviços mais requisitados. Não sãomais crises homéricas, com proporções devastadoras, mas aquelas que minam a confiança do público por não fazerem a lição de casa todos os dias. E quais são os diferenciais que farão com que as empresas e suas agências aguentem os inevitá - veis solavancos a que estão e estarão sujeitas diante da opinião pública, em um mundo totalmente revirado e ávido para saber quem é quem no tabuleiro de xadrez da cre - dibilidade? Ter a mente aberta, abrir horizontes, pensar fora da caixa (de preferência sem a caixa) e, finalmente, abraçar um propósito real, palpável e, sobretudo, verdadeiro. Algo que estabeleça uma significativa conexão entre uma organi - zação e a sociedade, que perdure e que faça a diferença na qualidade de vida das pessoas. Ainda é muito cedo para dizer como será o mundo no dia de amanhã e como as agências e empresas lidarão na prática com este novo normal, mas, com certeza, há uma enorme oportunidade para se despir de velhas certezas e experimentar outros caminhos. Caberá a cada um dos ato - res dessa cadeia repensar, refazer, ressignificar para manter aceso o desafio da motivação perene, valorização de equi - pes internas e interlocução com o mercado.  A pandemia levou vidas e velhas certezas Lais Guarizzi, Sócia e Presidente da G&A Comunicação Num simples exercício deflashback vs. fore - sight, projete sua mente para míseros 12 meses atrás. Imagine um encontro consigo mesmo em outubro de 2019, de modo que você relatasse lá atrás o que acontece neste absurdo 2020. A des - peito de toda ficção científica inerente, seu Eu do fu - turo seria imediatamente desacreditado pelo seu Eu do passado que, por sua vez, ia cuspir o café, temendo ter sido batizado com LSD. A pandemia é só o maior e mais recente exemplo da di - ficuldade crescente no trabalho de análise de tendências e cenários futuros – o que também o torna cada vez mais essen - cial. Transformações acontecem aceleradamente e inúmeras variáveis incidem sobre o próximo minuto. Parecemos viver nessa gigante montanha-russa ao mesmo tempo frustrante e divertida, terrível e estimulante. Há algo, porém, que independe de soluções mirabolantes para que um futuro minimamente habitável construa-se dian - te de nós. Temos de ser justos e humanos, sempre. Há chance de uma nova epidemia? Seremos afogados num dilúvio de fake news ? Ou virá uma era de reconstrução e prosperidade? Não importa o cenário: liderar ou colaborar em processos de cultura interna, reputação, imagem corpora - tiva, transparência, diversidade e responsabilidade social exige grandes doses de honestidade, empatia e altruísmo. Muitas vezes a gente se agarra a metodologias e tecno - logias mil para dar conta do recado. Nada contra. Mas ten - demos a perder o olhar humano. Minimizamos o simples exercício de respirar fundo, identificar problemas, conectar pontas desamarradas e pensar o melhor para a empresa, seus stakeholders e, o mais importante, a comunidade. Não por acaso, a raiz etimológica é a mesma de nossa profissão, o latim “communis”, “que pertence a muitos ou a todos, públi - co, comum” (Houaiss). Nada sei sobre ferramentas arrojadas que transforma - rão a comunicação corporativa. Mas entendo um pouquinho, acho, sobre pensar com o coração e sentir com o racional. Desde as menores decisões até as estratégias mais comple - xas, temos de ter sempre um pensamento justo e um olhar humano. Todo o resto, para dar certo, depende disso.  Pensar com o coração, sentir com o racional Igor Ribeiro, Headde Comunicação Corporativa da Turner Brasil Dois olhares interessantes juntam-se aqui: Lais Guarizzi , da G&A, com larga trajetória na atividade; e Igor Ribeiro , recém-chegado (um ano), mas com insights valiosos de quem olhou o mundo do lado dos veículos. Lais está convencida de que o caminho que nos levará ao novo passa pelo descarte das velhas verdades. E Igor defende que, qualquer que seja o cenário a defrontar, tudo será mais fácil com o coração pensando e a mente sentindo.

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