Anuário do Sindipeças 2024

A indústria da mobilidade – uma das mais complexas e sofisticadas no seio da indústria de transformação – atravessa céleres mudanças, incomparáveis, talvez, ao que assistimos nos últimos cem anos. Em tempos de emergências climáticas e desafios trazidos pela digitalização, que já começam a exigir a incorporação de inteligência artificial nas rotinas produtivas, as atenções se voltam para a busca de respostas inovadoras e ecológicas. No setor da mobilidade, esses desafios se traduzem na tarefa de conciliar descarbonização – por diferentes rotas tecnológicas, incluindo nosso etanol –, conectividade e manufatura avançada. A meu ver, é promissora a estrada que está sendo pavimentada no País. Os anúncios de investimento das montadoras, que devem alcançar cerca de R$ 130 bilhões até 2030, acrescidos dos aportes que serão realizados pelas autopeças, terão o condão de impulsionar a cadeia automotiva brasileira para outro patamar em termos de inovação e sustentabilidade. Além disso, sabemos que a diversidade de nossa matriz para produção de energia limpa é uma vantagem espetacular. Com políticas públicas para explorar adequadamente esse potencial, a indústria brasileira pode ocupar protagonismo global. Paralelamente – e sem que isso represente qualquer contradição –, podemos nos tornar importante hub produtor e exportador de motores a combustão, partes e peças que, conforme anunciado, não deverão ser mais produzidos nos Estados Unidos e na União Europeia, mas terão vida extensa em países de renda média inferior à dos países desenvolvidos. Nessa direção, é diuturna a atuação do Sindipeças nas discussões de políticas públicas que levem em conta as vantagens comparativas do País. O antigo Rota 2030 é um bom exemplo de política industrial de relevância, que representou importante papel de estímulo ao investimento em inovação, principalmente para o setor de autopeças. Da mesma forma que trabalhamos intensamente na elaboração do Rota 2030, fizemos o mesmo com o sucessor programa Mobilidade Verde e Inovação, o Mover, e temos acompanhado de perto a reforma tributária, a Nova Política Industrial do Brasil (NIB), as mudanças e o aperfeiçoamentos do Programa Renovar e outros tantos assuntos. Nosso encontro com o futuro está traçado. Assegurado o equilíbrio macroeconômico e implementando-se as políticas industriais em construção, acredito que teremos a oportunidade de posicionar o setor automotivo brasileiro entre os mais relevantes no cenário global. Cláudio Sahad Presidente do Sindipeças Inovação e sustentabilidade: os investimentos estão aí Palavra do Presidente

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