Jornal da COMUNICAÇÃO CORPORATIVA | Especial de NATAL 2022

35 No fim de 2021, no aniversário de dois anos, minha filha Liz conheceu a maioria dos nossos familiares e amigos. Foi uma festa no parque catártica e emocionante. Nunca imaginei ficar dois anos longe de tanta gente. Ao longo de 2022, a sensação de vida que volta ao normal prevaleceu, mas com uma certa estranheza no ar. Parece que ainda não recuperamos todas as habilidades sociais. Dif ícil estar em um evento de trabalho e não se surpreender com a forma com que aquele quadradinho do Zoom se materializa na nossa frente! E o small talk? Sentimos tanta falta ao longo do trabalho remoto, sem tempo para se conectar com as pessoas, mas, ao menos eu, ainda estou em ummisto de eufórica e perdida quando encontro um grupo grande de pessoas. Dá uma sensação que 2023 deixa esse capítulo para trás. Uma nuvem de otimismo de que estaremos mais maduros para a vida híbrida, para conviver com a covid-19 e suas ferramentas para encara-la como uma doença sazonal e presente no nosso cotidiano. Para além da pandemia, carrego comigo uma vontade imensa de fazer da comunicação – corporativa, profissional, pessoal e interpessoal – o centro da reconexão das pessoas. Estamos exauridos de repetir sobre os males da polarização, sofremos commais uma eleição em que a desinformação e o desrespeito superaram qualquer noção republicana de discussão sobre o futuro do país, as necessidades reais das pessoas e o papel das políticas públicas. Vivemos um abalo sísmico na identidade de país, na nossa confiança nas instituições – todas elas, diga-se, de governos, a empresas, ONGs, imprensa. Não é exagero dizer que não conseguimos mais ouvir, conversar e debater com pessoas que pensam diferente de nós. Essa comunicação de massa violenta e agressiva nos traz impactos incomensuráveis, como a perda de clientes, amigos ou proximidade com familiares, até a uma incapacidade coletiva de apreciar, confiar e construir coletivamente. Temos enormes desafios nos próximos anos e não vejo outra forma de endereça-los senão por meio do resgate das relações, de uma comunicação acolhedora, transparente e com significado. Comunicação que gera confiança, respeito mútuo e, de forma muito propositiva, catalisa a co-criação de projetos, soluções e parcerias. Ou, no mínimo, promova um ambiente seguro para que possamos buscar mais serenidade e sensatez. Que 2023 seja o início de uma nova era de diálogos e relações duradouras.

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