Jornal da COMUNICAÇÃO CORPORATIVA | Especial
DIA DA COMUNICAÇÃO EMPRESARIAL 8 N emércio Nogueira , hoje atuando fora da profissão, como corretor de imóveis, e que mesmo septuage- nário ainda teve fôlego e talento para uma última in- cursão corporativa, em sua segunda passagem pela Alcoa, como será explicado mais à frente, tem um papel ímpar nas relações públicas, embora também tenha navegado por jor- nalismo e publicidade, de forma também intensa. É dele a autoria da criação do primeiro prêmio de expressão nacional das Relações Públicas, o POP, que fez a alegria imensa de dezenas de profissionais, empresas e agências e que já faz um bom tempo não é realizado. A trajetória de Nemércio Nogueira , um dos pioneiros e expoentes desse mercado, é exemplar. Estudante de Direito e de Ciências Sociais na Universidade de São Paulo, concluiu que o tempo dos estudos só lhe permitiria trabalhar à noite e o jeito era ser porteiro de boate ou jornalista. O mundo per- deu um grande porteiro. Uma ocasião, na região do Anhan- gabaú, em São Paulo (SP), passou em frente ao prédio do jornal Última Hora. Resolveu entrar e, bem no meio do fecha- mento, algazarra, pessoas correndo de um lado a outro, lo- calizou um sujeito careca em uma mesa cercado de gente, visivelmente importante. Do cocho para o sucesso Era Remo Pangella , res- peitado chefe de Redação, para quem explicou que queria trabalhar em jornal. Como resposta ouviu ape- nas “senta lá” e foi para o cocho – longa mesa cheia de máquinas de escrever – até Remo chamá-lo e pedir para transformar um convite para exposição de arte em um manicômio em notícia. Caprichou, escreveu duas laudas, medida padrão com 1,4 mil toques de máquina, e entregou. Sem ler, o chefe mandou cortar o texto. Isso ocorreu seis ou sete vezes até o material ser reduzido a seis linhas. “Tá bom”, disse o chefe. No dia seguinte, anima- do, Nemércio busca a notícia no jornal. Encontra com dificuldade duas linhas em um pé de coluna. Mas não desistiu. Um de seus professores no colégio Mackenzie era redator de O Estado de S. Paulo, o Estadão. Ocupou uma vaga de estagiário na editoria de Política e ali permaneceu dois anos, até surgir o rumor pela redação de que a Esso procurava um jornalista para trabalhar em rela- ções públicas. Mesmo sem saber exatamente o que era, ar- riscou, foi contratado para compor a equipe da filial e apren - deu, por exemplo, o que era um press release. Em tempos meio erráticos, ficou por lá pouco mais de um ano, depois trabalhou na agência de notícias Interpress, na revista Man- chete, até seguir a sugestão de um amigo de procurar a BBC. Escreveu para o responsável em Londres e um ano de- pois fechou contrato de três anos. Chegou a Londres em 1963. Um ano depois levou os ex-colegas de Estadão, Fer- nando Pacheco Jordão e Vladimir Herzog . Voltou em 1966 e juntou-se a um grupo de jornalistas amigos na Consult RP. “Era uma dificuldade, coisa nova, tinha de ficar explicando o que era”, diz Nemércio. Em 1968 assumiu o Repórter Esso na extinta TV Tupi. Mas a ditadura militar, com censura e per- da de direitos civis pelo AI-5, somado à perspectiva de a TV Globo lançar o Jornal Na- cional cobrindo o País todo, levou a empresa a desistir da empreitada. Depois de pas- sar pela revista Realidade, da Editora Abril, juntou-se à agencia de publicidade Sal- les, com contas como Ford e onde passou de assisten- te a diretor executivo em 13 anos, tocando inclusive a Divisão de Relações Públicas. Um dia Nemércio rece- beu telefonema da Alcoa, produtora norte-americana de alumínio que mantinha no Brasil uma única fábrica em Poços de Caldas (MG), fundada 15 anos antes. Mas planejava implantar em São Luís (MA) unidade de porte para produção de alumina, o pó de alumínio que depois de derretido pode ser trans- formado em barras. “Assumi em 1980. A empresa preci- Nemércio Nogueira Ele foi o criador do Prêmio Opinião Pública (POP), mas quase foi porteiro de boate
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