Jornal da COMUNICAÇÃO CORPORATIVA | Especial

DIA DA COMUNICAÇÃO EMPRESARIAL 16 cacetadas só pararamcoma chegada do responsável pela segurança. O grupo era muito ligado ao regime militar, com iniciativas como cessão de caminhões da marca de varejo Ultralar para transportar pessoas para a marcha da família pela liberdade, movimento pré-golpe militar. Em 1971, o presidente do grupo, Henning Boilesen, foi assassinado por um grupo ar- mado de oposição ao regime. No ano seguinte, Enio chega à agência de pro- paganda Julio Ribeiro Mihnovici como redator. Mas sua sina era relacionar-se com a imprensa e quando o chefe fundou a Casabranca, com estrutura de cria- ção composta por profissionais como Washington Olivetto, sugeriu a montagem de uma agência de comunicação com contas como Fiat e outras – e nas- ceu a Mecânica de Comunicação em 1973, uma das mais longevas agências do País, emummercado que contava commeia dúzia de agências independentes. “Na época, só governo, instituições governamentais e em- presariais e empresas multinacionais tinham áreas de comu- nicação em suas estruturas”, diz. Para estimular o mercado em tempos de antagonismos entre relações públicas e asses- sores de imprensa, nasceu mais uma entidade, a Associação Nacional das Empresas de Comunicação Social (Anece), que Enio chegou a presidir. O quadro mudou com a greve de jor- nalistas em 1979. Com a demissão de jornalistas, entre outros profissionais, aqueles que muitas vezes eram refratários aos assessores por verem manipulação de informações na ativi- dade, encontraram espaço de trabalho em agências de comu- nicação e empresas. Além disso, com o crescimento do nível de exigência em comunicação, marketing e postura institucional, as empresas turbinaram suas estruturas internas e passaram a complemen- tar as necessidades com agências externas. E, mais tarde, o crescimento chegou a tal ponto que o segmento atraiumultina- cionais interessadas em contas já atendidas por aqui, ao passo que a globalização estimulou a aquisição de empresas locais para promover alinhamento no atendimento. Outro ingredien- te de transformação foi a mídia digital. “Mas ainda existem em- presas que valorizam a assessoria de imprensa. O aumento de fake news ou comunicação absurda de influenciadores valoriza a mídia tradicional, principalmente em tempos de compliance, ESG e compromissos com a verdade”, diz Enio. O utro que trocou a publicidade pela comunicação foi Francisco Soares Brandão , fundador da FSB Comuni- cação. Trabalhando desde cedo, estagiou em escritório de advocacia, foi agente de turismo, trabalhou em banco, com moda, como corretor de imóveis e com publicidade. O negó- cio de comunicação nasceu do zero, no início dos anos 1980. Seu patrimônio se resumia a uma linha telefônica, talvez mais valorizada do que o seu Fusquinha com o qual ia de redação em redação para entregar os releases para os jornalistas. Com o nome de Promoshow, a empresa era voltada ini- cialmente para a promoção de eventos, e depois foi rebati- zada como FSB quando tiveram início os serviços na área de assessoria de comunicação empresarial. “Era um modelo de negócio novo, visto pelos jornalistas e publicitários como algo de segunda categoria, mas o que eu enxergava era um campo de atuação muito pouco explorado, com enormes perspecti- vas de crescimento”, diz Francisco. Com facilidade de fazer amigos, o primeiro escritório da agência foi em um apartamento no edifício anexo ao hotel Co- pacabana Palace. Isso graças ao acordo de permuta fechado com Luiz Eduardo Guinle, dono do hotel na época, que aceitou ceder espaço, o apartamento 151, de fundos, com vista para a avenida Nossa Senhora de Copacabana, em troca da presta- ção de serviços de comunicação para o hotel. Hoje, Francisco considera a credibilidade um dos princi- pais patrimônios da empresa. Não sem desafios. Jornalistas e publicitários não valorizavam a atividade. Era uma luta para o assessor ser recebido nas redações, assim como contratar bons jornalistas. O trabalho de assessoria de imprensa era pouco valorizado, não tinha o glamour da publicidade, era Ele começou sozinho, em sala permutada e construiu a maior agência de comunicação do País Enio Campoi

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