Jornal da COMUNICAÇÃO CORPORATIVA | Especial

DIA DA COMUNICAÇÃO EMPRESARIAL 10 J á vimos aqui que Carlos Eduardo Mestieri conseguiu uma sucessão familiar por meio de sua filha Roberta Mestieri , hoje a comandante em chefe da Mestieri PR. Caminho semelhante deu-se com a LVBA, fundada por Va- lentim Lorenzetti em 1976 e que teve o privilégio de receber a filha, na equipe, aos 17 anos em 1979, ainda estudante de relações públicas (o pai era jornalista) e acompanhou a agen- da institucional de Valentim e outros líderes da época que rendem, em 1984, a fundação da Associação Brasileira das Empresas de Relações Públicas (Aberp), mais ou menos na mesma época em que foi formada a Anece, dos jornalistas. Tudo virou de cabeça para baixo quando no começo dos anos 1990 o então presidente Fernando Collor determinou o congelamento de saldos bancários em todo o País. “Os mo- vimentos empresariais foram desacelerados, cada um tinha de cuidar de seus negócios”, observa. Outro baque particular foi o falecimento de Valentim, vítima de câncer, em agosto daquele ano. O mercado via o crescimento da concorrên- cia, tanto de jornalistas que deixavam as redações como de multinacionais chegando ao País, acirrando a disputa entre relações públicas e jornalismo. “Até que um congresso da Mega Brasil no início dos Anos 2000 mobilizou alguns donos e executivos de agências, nascendo aí a ideia de se criar uma Seguindo os passos do pai, aos 17 anos ela começou sua jornada na LVBa Gisele Lorenzetti sava ganhar musculatura e resolveu criar área de Relações Públicas. Implantei estrutura para cuidar de RP, eventos, im- prensa, governo, publicidade”, conta. A fábrica foi inaugurada em 1984. Na época, o aparato militar começava a se preparar para abandonar o governo, a censura foi reduzida e todo mundo queria ter voz. Comícios, publicações em jornais, denúncias, movimentos sindicais, jornalistas, políticos, todos queriam se manifestar. “Já se co- meçava a falar em ecologia e a chegada de uma indústria gigante em uma cidade paupérrima criou um bafafá geral”, diz Nemércio. Apaziguar os ânimos, mostrar o papel da em- presa e desmentir rumores como a possível fabricação de bombas atômicas foi sua responsabilidade até 1985. “Rela- ções públicas é por excelência profissão da democracia. Em governo fechado, não há opinião pública.” Em 1986 Nemércio fundou sua própria consultoria, a RP Consult, para atender, além da Alcoa, marcas como Mon- santo, Refinações de Milho Brasil e a brasileira Villares, cujo presidente Paulo Villares gostou tanto do planejamento para assuntos institucionais e RP que o convidou para a empre- sa, mesmo mantendo os demais clientes na consultoria. Lá ficou três anos, com iniciativas como a criação do Conselho de Empresários da América Latina (Ceal), reunindo grandes empresas familiares ou recém-corporativizadas, espelhando um momento de evolução dos grandes grupos nacionais. Política e relações governamentais De volta à consultoria, foi chamado por Orestes Quércia, então presidente nacional do MDB – único partido de oposi- ção ao de suporte aos militares, Arena – para assumir o rela- cionamento com a imprensa de campanha à Presidência da República. Entre política e clientes, com verbas disputadas com o crescimento da concorrência e as mudanças trazidas pela internet, transitou até 2004 quando a Alcoa mais uma vez pediu apoio para abrir mina de bauxita enorme, agora na beira do Rio Amazonas, no oeste do Pará. “Nada fácil mexer com Amazonas no século 21”, obser- va. Mas a interlocução com ONGs, governo, comunidades e imprensa rendeu prêmio de empresa sustentável da revis- ta Exame, entre outros. Em 2010, com 70 anos completos e carreira corporativa finalizada compulsoriamente, mais uma vez dedica-se à consultoria – agora, sem muita atividade e em meio à pandemia, ocupando o tempo com corretagem de imóveis.

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