Jornal da COMUNICAÇÃO CORPORATIVA | Especial

DIA DA COMUNICAÇÃO EMPRESARIAL 52 Nós, seres humanos, nos acostumamos a ter o controle de tudo, ou quase tudo. Da simples troca de um canal de TV quando sentados no sofá às viagens ao espaço, controlamos ou buscamos o controle do que estiver ao nosso alcance. A pandemia da Covid-19 mostrou que muita coisa ainda pode fugir ao controle, com graves consequências para os humanos e o planeta. Mostrou, em outras palavras, que não somos deuses. Nesse contexto, há inúmeras consequências, muitas delas ainda não mapeadas, para cidadãos, governos, empresas, organizações multilaterais, ONGs etc.. Do ponto de vista corporativo, parece evidente que a pandemia acelerou o processo no qual as companhias precisamde uma ‘licença’ da sociedade para operar. Para obter essa ‘licença’, é preciso se engajar, é preciso colaborar, é preciso participar e é preciso se posicionar. Nesse mundo, a comunicação é chave. Saindo, portanto, do geral, e chegando ao nosso mundo do dia a dia de comunicadores, temos de estar prontos para ajudar nossas organizações a: 1) entender o contexto, 2) posicionar-se nesse contexto, 3) agir nesse contexto, 4) comunicar as ações tomadas para se ajustar e/ ou mudar o contexto, e 5) ajudar as empresas a cumprir o que se comprometeram nesse contexto ( walk the talk ). Somos, por definição, profissionais atentos ao in - teresse público. Mais do que nunca, temos de trazer para dentro de nossas organizações a visão externa, provocando nossos parceiros internos para que o interesse privado esteja cada vez mais alinhado ao público. É uma tarefa e tanto, sem dúvida, que vem ao encontro de uma demanda histórica dos profissionais de comunicação. Não estivemos sempre em busca da relevância? Estamos, acredito, diante de uma oportunidade, que aparece justamente para uma área em que o controle é uma busca constante, nunca uma verdade absoluta. Nada é por acaso. Em ummundo com menos controle, profissionais acostumados à incerte - za tendem a ganhar protagonismo.  Fora da zona de conforto Leandro Modé, Diretor de Comunicação e Relações Governamentais do Itaú-Unibanco Na Temple observamos o que parece ser, em breve, o sepultamento da nota de esclarecimento, uma das ferramentas mais tradicionais de relações com a mídia. A entrevista, antes um ato presencial marcado por preparação e certa cerimônia, transformou-se em um gesto menos complexo, tendo o depoimento do porta-voz gravado em primeira pessoa com seu smartphone . Essa simplicidade parece retirar o porta-voz de um lugar protegido e bem calculado, e colocá-lo mais diante do público, com mais frequência e maior exposição. Seja a câmera de TV ou a câmera do computador, a questão do porta-voz conecta-se com o tema comunicação interna, dado que muitos líderes de empresas e instituições agora precisam dialogar (e se posicionar) por meio de mídias digitais. Refletindo sobre isso, na Temple temos nos questionado sobre a validade da expressão comunicação interna. Há algum tempo que os muros entre o interno e o externo foram derrubados pelo martelo do digital. Agora que muitas organizações perderam o escritório como um espaço concreto (e talvez mais privado e seguro) de diálogo, e este se deslocou para o home office , talvez faça mais sentido adotar o termo comunicação organizacional e pensá-la como uma rede descentralizada, colaborativa e, sim, permeável. Afinal, parece não haver mais reuniões a portas fecha - das. As salas tornaram-se uma mídia e não mais um lugar. É nisso que essas e tantas outras questões da área de comunicação, que não seriam esgotadas neste espaço, se conectam: um mundo de relações mais e mais midiatizadas, mais e mais dependente (se não definitivamente, mas ao menos temporariamente) de meios de mediação. Este é um imprevisível – e surpreendentemente otimista – universo de possibilidades de comunicação nesse novo mundo construído todo dia. Muitas agências estão agora mesmo renovando portfólios e repensando serviços tradicionais. É só o começo. Por hora, vamos aprendendo com cada resultado. E torcendo para que os colegas da medicina aprendam a fazer a vacina.  Comunicação corporativa e as novas perspectivas de mercado Alan Cativo, Sócio-Diretor da Temple Comunicação A busca pela relevância sempre foi a tônica dos profissionais dedicados à comunicação nas empresas. A posição estratégica, a necessidade de estar junto aoboarddas companhias, o reconhecimento por parte dos clientes faziam parte da pauta de reivindicações erguidas entre nós. A pandemia global do coronavírus trouxe à tona essa relevância.

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