Jornal da COMUNICAÇÃO CORPORATIVA | Especial

DIA DA COMUNICAÇÃO EMPRESARIAL 50 A democratização acelerada dos meios de comunicação nas últimas duas décadas achatou fronteiras entre pessoas e instituições, derrubou barreiras no acesso à informação e conectou comunidades do mundo todo a um clique. Mas a revolução digital proporcionou efeitos colaterais profundos no tecido social. Colocou-nos na era da pós-verdade, emque fatos e dados têmmenos importância do que a opinião pessoal. Era em que pessoas comuns influenciam legiões por seu estilo de vida, em que memes são viralizados na velocidade da luz e podem ajudar a mudar os rumos de um processo eleitoral. Foi nesse contexto que empresas levaram sua experiência de marca ao máximo das emoções. Menos tecnicismos, mais conexão pessoal. Menos key opinion leaders , mais gente como a gente. Embebidos pelo custo-benefício e o alto impacto, influenciadores digitais tornaram-se embaixadores. Semquerer, as organizações fortaleceram justamente o cenário de desconfiança nas instituições, que tiveramqueda absoluta na confian - ça em todos os setores no Edelman Trust Barometer de 2017, e levaram a imprensa a ser o órgão de menor confiança das pessoas, segundo a mesma pesquisa de 2018. A crise do novo coronavírus é sanitária e econômica, mas é também social. Social não apenas porque escancara desigualdades seculares, mas porque coloca em xeque a comunicação em massa dos últimos anos. A insegurança provocada pela pandemia renovou a importância do olhar técnico, único capaz de orientar a população a desenvolver seu repertório sobre saúde, prevenção e ação coletiva. O jornalismo volta a ganhar força. Influenciadores que disseminam apenas seu próprio lifestyleperdem-se durante o isolamento e emergem aqueles com conteúdo, que informam e educam as pessoas para o debate público. Assim, empresas precisam ressignificar seu propósito do campo das emoções e colocar à serviço da população. A iniciativa privada, como nunca, colaborou com o setor público para combater a Covid-19, trazendo um novo paradigma de cooperação que deverá pautar a reconstrução da economia e das relações de confiança. 2020 deixou claro que não há reputação sem um olhar generoso e genuíno para a comunidade. A comunicação empresarial deve ser, então, o elo para ajudar a sociedade a se reconectar e atravessar a crise global. A comunicação corporativa, hoje e no dia depois de amanhã, precisa ser um serviço de utilidade pública.  Menos influência vazia, mais informação como serviço Pâmela Vaiano, Diretora de Comunicação da 99 2020 tem posto a nossa resiliência à prova. Como indivíduos, fomos desafiados a ressigni - ficar quase todas as nossas relações, adequan - do a rotina dos lares e aprendendo também novas formas de como trabalhar. Não o bastante, na perspectiva social, vimos os impactos da pandemia transpassarem a saúde, afetando diretamente a política, a educação e a economia. Enquanto observamos alguns mercados cruzarem um intenso período de desaceleração, a demanda por comunicação, contudo, vem crescendo de forma exponencial. Uma reação que profissionais da área com alguns anos de estrada já devem ter experimentado: situações de crise iluminam a comunicação – e a recíproca também é verdadeira. Em cenários de incerteza, nos quais informações bem apuradas e corretamente distribuídas são essenciais para proteger e conscientizar a população, os canais de comunicação, públicos e empresarias, atuam como um farol, norteando as decisões. Se é inquestionável que a Covid-19 nos trouxe uma crise sem precedentes, também não há dúvidas de que o nosso setor sairá fortalecido desse período. Aqui, cabe reconhecer a atuação dos meus colegas jornalistas que têm feito um trabalho louvável na linha de frente para compartilhar notícias úteis à nossa saúde e dia a dia. Na área corporativa, à qual eu me dedico há mais de 20 anos, a cobrança é clara: transparência e propósito. Umestudo publicado pelo grupo Kantar, em março, identificou que 88% da audiência esperava que as marcas comunicassem como podem ser úteis durante a pandemia. Um sinal claro de que os consumidores não querem mais se relacionar com empresas cujo interesse esteja voltado apenas a seus ganhos econômicos, mas sim commarcas que conseguem fomentar melhorias para a sociedade por meio de sua atuação. Saem na vantagem empresas que há tempos já notam e desenvolvem a coerência e o senso de propósito junto às suas equipes. Talvez este seja o principal legado que este ano nos deixará: um amanhã com mais propósito, no qual todos estejam comprometidos com o coletivo.  A comunicação na contramão da crise Regina Moura Rocha, Diretora de Comunicação Corporativa e Digital da Roche Brasil Cidadania, cooperativismo e responsabilidade social. Como se haveria de imaginar que um advento de impacto global, como a pandemia do coronavírus pudesse despertar esses sentimentos que, num recente recorte histórico pareciam até certo ponto latentes ou adormecidos? A pandemia trouxe um ressignificado à vida das pessoas e à existência e ao papel de empresas e instituições.

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