Anuário da COMUNICAÇÃO CORPORATIVA | 2024

Anuário da COMUNICAÇÃO CORPORATIVA | 2024 54 MERCADO DA COMUNICAÇÃO CORPORATIVA Um desenho mágico GRUPO NEXCOM Alcides Ferreira, sócio-diretor da Agência Fato Relevante e do Grupo Nexcom: “A aquisição da Charisma Business Intelligence marcou a entrada do grupo na área de tecnologia, que será a vitrine do trabalho de comunicação e marketing daqui por diante, muito mais do que um conjunto de artefatos utilizados pelo backoffice das empresas de RP” A combinação do uso de dados com programas de inteligência artificial (IA) para análise e outras tarefas será determinante para o sucesso do trabalho de comunicação e relações públicas. Medir o impacto de uma iniciativa de relações públicas sobre a imagem de um cliente sempre se constituiu em um desafio, para citar uma das questões usuais da atividade. Ao contrário do marketing voltado estritamente a vendas, no qual os resultados podem ser medidos em tempo real, a reputação é um edifício construído lentamente, tijolo a tijolo, em um desenho mágico que os profissionais de comunicação têm dificuldade em conectar com suas ações. Em 2023, o Grupo Nexcom, formado pelas agências Fato Relevante e PUB, adquiriu a Charisma Business Intelligence com o objetivo de resolver, entre outros, esse dilema da eficiência no nosso segmento. Com métodos avançados de ciência de dados e uso de IA, a Charisma desenvolveu sistemas para monitoramento dos resultados de ações de comunicação e otimização do retorno sobre investimento em marketing. O investimento marcou a entrada do grupo na área de tecnologia, que será a vitrine do trabalho de comunicação e marketing daqui por diante, muito mais do que um conjunto de artefatos utilizados pelo backoffice das empresas de RP. É certo que a IA e suas aplicações já são a base para uma série de tarefas e rotinas das agências. Mas será preciso ir muito além disso, porque as circunstâncias dos clientes assim vão demandar. O porte das agências e sua capacidade para investir nessas soluções será determinante para o sucesso das organizações e de seus clientes. Ao lado da tecnologia, os profissionais da equipe continuarão a ser a nossa principal matéria-prima. A IA só vai eliminar empregos em trabalhos rotineiros e, portanto, sem valor agregado. As atividades estratégicas para o cliente serão comandadas por pessoas. Contratar e reter talentos já se constituem em tarefas difíceis. O desafio vai aumentar. Os mais jovens têm anseios e expectativas que as empresas normalmente encontram dificuldade em atender. Trazem da faculdade uma formação deficiente. Não há sinal no horizonte de melhora significativa na qualidade da educação brasileira, ainda que as exigências do mercado de trabalho sejam cada vez maiores. Não surpreende que a produtividade do País tenha andado de lado nos últimos quarenta anos. Essa combinação de profissionais com conhecimento deficiente e exigências de trabalho cada vez maiores é o combustível para quadros cada vez mais frequentes de desgaste nas equipes. Junto com tecnologia e pessoas, vem a estratégia de comunicação para os clientes para compor o tripé de atuação das agências. A tendência de confluência das ações de comunicação e marketing será cada vez maior. A complexidade do trabalho soma-se aos orçamentos exíguos. Buscar um propósito, um sentido para a comunicação dos clientes é a forma de fazer com que a estratégia ganhe tração em um mundo cada vez mais disperso e polarizado.

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