Anuário da COMUNICAÇÃO CORPORATIVA | 2024 53 na economia de escala e encontrar sinergias, entre outras vantagens. Mas há, curiosamente, um movimento que consiste apenas em juntar empresas e, assim, compor algo como um “puxadinho” para mostrar ao mercado que são empresas grandes e bem-sucedidas. O modelo “tupiniquim” não tem uma governança estruturada e os donos das empresas incorporadas assumem uma posição na suposta holding. Nessa configuração, novas e grandes agências surgem não motivadas pela busca de inovação para satisfazer a seus clientes atuais e futuros. Pensam em criar receitas significativas e um número de clientes suficientes para impressionar e atrair investidores desatentos, como aquele que desembarcou no primeiro parágrafo deste artigo. Trata-se provavelmente de um movimento de alavancagem focado na futura venda e não no rejuvenescimento da indústria e nas expectativas dos clientes. Num primeiro momento podem surpreender pela robustez. E há clientes que preferem optar sempre pelos maiores no ranking e não pelos melhores. É realmente mais fácil, pois desobriga os decisores a explicarem suas escolhas por agências de médio e pequeno portes, classificadas pela sua receita e número de funcionários – como se tais fatores explicassem a excelência do que fazem. O problema das incorporações focadas exclusivamente na futura venda está no fato de que existem menos investidores desatentos do que as holdings que surgem no mercado brasileiro de PR. O lado positivo é que temos no Brasil muitos advogados, que certamente se encarregarão, no futuro, de desatar o nó da governança e os desentendimentos dos condôminos dos “puxadinhos”. Quem já foi síndico de prédios sabe.
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