Anuário da COMUNICAÇÃO CORPORATIVA | 2024

Anuário da COMUNICAÇÃO CORPORATIVA | 2024 40 MERCADO DA COMUNICAÇÃO CORPORATIVA Já estamos quase na metade de 2024, mas para contextualizar o assunto deste texto vamos voltar a 2023, talvez o ano mais desafiador, o inesquecível – um antes e depois – pelos impactos que trouxe para a sociedade, e em consequência, para como nos comunicamos. Referimo-nos a dois fenômenos: a evolução das ferramentas de inteligência artificial (IA) e os efeitos latentes das mudanças climáticas. É o momento adequado para refletir sobre caminhos a seguir. A inteligência artificial vinha em um processo de aumento exponencial de possibilidades na nossa indústria. Mas em 2023 ela foi apresentada à opinião pública e entrou na vida das pessoas. Aqui é importante ressaltar: as agências de comunicação já tinham ferramentas para gestão de comunidades, de análise de dados, triagem de influenciadores etc.. Mesmo assim, eram menos conhecidas e usadas até por profissionais da área. Acreditamos que essa disseminação da IA pode mudar de maneira profunda o que se produz em comunicação. Não apenas como fazemos algo, mas também o resultado. Não só a estratégia, mas também a estética. E admitirmos que estamos diante de tal transformação é fundamental para entendermos as empolgações e os temores da adoção de ferramentas cada vez mais bem construídas para fazer boa parte do trabalho que nos acostumamos a fazer. E como, então, nos prepararmos para essa transformação? O melhor é estudar, testar e entender as ferramentas, pela grande oportunidade de gerar mais valor para os clientes. Cases recentes de uso de inteligência artificial apontam para histórias bem contadas. Análises e produções mais rápidas ofereceram um serviço melhor e mais abrangente à população. Seja para fomentar o pequeno comércio após um período difícil como o da pandemia, para Como a IA e a crise climática vão interferir no mercado de comunicação? GRUPO BCW BRASIL ideia, 90% dos dados disponíveis hoje no mundo foram gerados nos últimos três anos, de acordo com um levantamento divulgado pela IBM. Quem cria soluções para deter a atenção domina o planeta – vide o crescimento estrondoso de plataformas como o TikTok, por exemplo, que já virou ferramenta de busca e retém pessoas por horas em seus vídeos. Se até pouco tempo atrás podíamos contar com uma certa centralidade na distribuição da informação, hoje nada parece isoladamente consistente, confiável ou suficientemente capaz de sensibilizar as audiências. Uma boa estratégia de comunicação, portanto, deve contemplar novas formas de inserção no ecossistema de influência. 3. Combater consistentemente a desinformação - Quatro em cada dez brasileiros afirmam receber notícias falsas todos os dias. E nosso cérebro tende a absorver essas notícias com mais facilidade do que as notícias verdadeiras, pois, em geral, fake news confirmam crenças pré-existentes (é o chamado viés de confirmação). Profissionais de comunicação precisam combater essa mecânica de maneira voraz – seja gerando inteligência analítica; atuando de forma preditiva para mapear comportamentos emergentes; ou entendendo a maneira como essas informações são estruturadas e disseminadas para criar um contraponto usando o mesmo “veneno”. A desinformação é o maior desafio contemporâneo da comunicação e, certamente, a principal razão de existirmos nos próximos anos. Se já somos ciborgues, que ao menos sejamos os porta-vozes da retomada da confiança nas instituições que garantem a possibilidade de vida em sociedade.

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