DESEMBARQUE PROGRAMADO Anuário da COMUNICAÇÃO CORPORATIVA | 2024 334 Tudo certo para a mudança, foi chamada para entrevista na agência INK e, ao explicar que estava de mudança para o Canadá, outra surpresa (veja depoimento de Raul Fagundes mais a frente): concordaram e acertaram como seria o atendimento das contas sob a responsabilidade dela. A avó Gilda, de 82 anos, aprendeu a usar as redes sociais, a fazer chamadas de vídeo e a usar o celular. Tudo para falar com a neta! Caren e Bruno chegaram na pandemia, com certa dificuldade em achar moradia perto da Universidade para ela não ficar tão isolada durante o dia: “Demoramos um pouco para nos adaptar, mas, por outro lado, chegamos com todas as providências burocráticas resolvidas pela Universidade”. O primeiro ano trouxe adaptação ao inverno rigoroso (temperatura de -40º) e à falta de sol, com uma certa solidão. Atualmente, convivem com um grupo de amigos brasileiros. Agora é primavera e o clima está melhor, com 10 graus. O relacionamento com as amigas brasileiras é mantido online, seguindo hábito criado na pandemia. Desde que chegou ao país, tem procurado entender os canadenses: “São mais reservados. Não têm o hábito de cumprimentar e conversar. Cada um fica no seu nicho e não interage da forma como estamos acostumados”. E se tivesse que aconselhar alguém da sua geração que deseja ter essa experiência em morar no Canadá, o que diria? “É preciso vir com trabalho, estabilidade e apoio como cidadão. Muitas pessoas chegam sem conhecer o ambiente e ficam deprimidas por causa da distância e da ausência da família. Eu não me arrependo, mas quando se sai do Brasil é que se dá de fato valor ao País, às suas qualidades. Aqui há uma super-segurança, é bom, mas diferente do calor dos brasileiros”. Produtividade em alta A pernambucana Luiza Barros está nos Estados Unidos pela terceira vez. A primeira foi na adolescência, para intercâmbio; depois, para aperfeiçoamento acadêmico, quando conheceu o marido, Bruno Mendonça Coelho. A terceira foi pela promoção na Alcon, empresa suíço-americana. Ali chegou em outubro de 2022, fixando residência em Forth Worth, ao lado de Dallas, no Texas. Formada em Jornalismo pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), tem mestrado (parcialmente feito) na Universidade da Flórida, MBA em varejo e em gestão pela Fundação Getulio Vargas (FGV), mestrados stricto sensu em Comunicação pela Universidade da Flórida e em Comunicação e Semiótica pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP). Luiza iniciou a carreira no Jornal do Comércio (PE) e passou pelas agências Fundamento e CDN. Atuou em Turner Cartoon Network, CNN, TNT e outros canais (EUA), na Invista (marca Lycra) e na Kantar, até chegar à Alcon. A adaptação não foi fácil, pois sentiu-se responsável por tirar Bruno e a filha Helena, de oito anos, da zona de conforto. Bruno readaptou sua rotina como médico psiquiatra, usando a telemedicina para as consultas e a cada três meses passa uma semana em São Paulo para rever presencialmente seus pacientes. Além disso, participa de um grupo de pesquisas na Universidade de São Paulo (USP). Ela explica que “além do trabalho, Bruno tinha treinos diários de luta krav magá, era um superatleta e surfava. Agora, imagina, difícil surfar no Texas!” Com a filha, a situação foi mais complicada. Meses depois da chegada, soube na escola que Helena estava com comportamento agressivo: “Isso nunca havia acontecido. No Brasil, sempre recebemos elogios como pais e ainda envolvia um dos valores mais importantes para mim, que é a gentileza”. Caren Godoy e Bruno César do Amaral no Parque Nacional de Banff, no Canadá
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