Anuário da COMUNICAÇÃO CORPORATIVA | 2024 333 e operações de minas em Canadá, Brasil, Indonésia, Inglaterra e Japão. Tudo certo, faltava comunicar a mudança aos filhos adolescentes, como conta: “Pensamos como um plano de comunicação – avisar com meses para que pudessem se despedir, ir a um bom restaurante, dar a notícia com as mensagens-chave. Então disse: ‘Gente, temos uma notícia maravilhosa, vamos nos mudar para o Canadá!’. E, surpresa para nós, eles começaram a chorar. O garçom passava, olhava e devia pensar: ‘O que esses pais estão fazendo com essas crianças?’. No final, o almoço terminou bem, pois perceberam algumas vantagens. A estratégia para minimizar a distância do filhos com os amigos tem passado por recebê-los no Canadá ou por idas ao Brasil. “Além disso, existe a tecnologia. Estão longe fisicamente, mas próximos pelo WhatsApp ou por videoconferência. E mostram muita resiliência”. Gama comenta que a mudança foi menos radical por já estar numa empresa que tem o português como idioma interno. Além disso, ressalta o papel da liderança e o aprendizado constante com a equipe: “Como líder, damos o direcionamento, e um pouco mais de cabelos brancos serve para isso. A comunicação do Brasil é sofisticada e pode ser aplicada em muitos lugares. Por exemplo, na comunicação interna, o que vale é o ‘olho no olho’. O líder precisa apoderar-se da informação e ter conversas diárias ou semanais com o time. Como nem sempre é possível, quando se tem que conversar com dois mil empregados, por exemplo, usamos os recursos de vídeos”. Ele notou diferenças no Canadá: “O canadense, pela origem da colonização, tem um estilo europeu. O consumo é menor e há muita reciclagem. Além disso, há um grande respeito por quem chega. O país precisa de pessoas para se desenvolver. Em média, recebe 500 mil pessoas por ano e, ainda que busquem profissionais com maior escolaridade, precisam de gente para tudo”. Ao fazer um balanço da carreira, Gama ressalta a sorte de ter atuado no tripé da comunicação com a base do jornalismo: “Ele te faz entender como criar mensagens, ser sucinto, ter uma visão mais ampla”. Para terminar, afirma estar feliz com a mudança e deixa um recado: “Quem sai, cresce, mas deve ter em mente que não existe lugar perfeito e o Brasil, com todos os defeitos, é espetacular. Eu sou fã do Brasil, dos Estados Unidos e estou adorando o Canadá. Então, se tiver que ir, abrace o clima e o lugar, não reclame. Se ficar reclamando do que tem no Brasil e não encontra onde está, será infeliz. Procure fazer o seu melhor e aprender. Senão, em algum momento, poderá não estar mais lá e vai perder a chance. Então, vá de cabeça!” Quem casa, quer casa... e novo país O Canadá proporcionou para a paulista Caren Godoy uma mudança radical – de cidade, de emprego e de estado civil, desde julho de 2021. Jornalista formada pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas, trabalhava na área de comunicação do Portal ERP e morava em Campinas (interior de São Paulo) com a avó e o irmão – os pais são falecidos – quando o então namorado Bruno César do Amaral, fazendo pós-doutorado na Universidade de Calgary, no Canadá, anunciou uma oportunidade profissional para continuar naquele país e, para ela ir, seria preciso que fossem casados. Com bom humor, respondeu: “Ah que bom, né? Você está usando uma coisa para levar a outra!” E complementa: “Agora falando sério, era uma boa oportunidade pois sempre desejei ter essa experiência, mas não iria sozinha”. Julio Gama com a família, na CN Tower
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