DESEMBARQUE PROGRAMADO Anuário da COMUNICAÇÃO CORPORATIVA | 2024 324 Após o processo seletivo global de nove meses, dedicou-se aos trâmites burocráticos e à mudança com seu companheiro Luiz Zaiats, sua cachorra Maria Cacau e os gatos Rajm e Puma. Para Luiz, a mudança não impactou, pois atua na área de tecnologia da informação em home office para uma empresa norte-americana. Ligia logo pôde perceber as diferenças entre dois países com o mesmo idioma – palavras, expressões, formatos da comunicação para a mídia. Passado o baque inicial, o ritmo da rotina é intenso, tanto pela área de relações com a mídia (agitado em qualquer lugar do mundo) quanto pela posição global da empresa no setor de energia. A diferença cultural reflete-se no ambiente de trabalho. Normalmente, o brasileiro confirma as decisões tomadas em reuniões por e-mail ou no final do encontro. Já o português é objetivo: “Eles vão direto ao ponto. Usam muito os tempos indicativo e imperativo e nós usamos o tempo subjuntivo. No início, pode soar como uma certa arrogância. Quando entendemos que esse é o jeito de ser deles, a convivência fica tranquila”. Longe da zona de conforto a que estava acostumada – ainda não tem carro e faz diariamente o trajeto em transporte público ou de Uber –, ressalta que recebe diariamente um volume imenso de informações desde o momento em que acorda até retornar à casa. Arrependida? De jeito algum, como diz: “Estou extremamente feliz, adaptei-me ao clima e à culinária portuguesa. Ficar na zona de conforto pode ser bom, mas é melhor ter outras perspectivas”. No seu caso específico, a questão de segurança pesou muito na decisão de sair do Brasil. Nesse quesito, sua história é um capítulo à parte. Em 2019, ela e o segundo marido foram assaltados na garagem de casa quando retornavam da praia. Ele foi alvejado e faleceu na mesa de cirurgia. Depois, segundo contou para a revista Veja São Paulo, em setembro de 2021, ganhou uma força interna para combater a impunidade e ajudou a polícia a identificar os criminosos. Após a prisão de um deles, pesquisou o destino dos demais em redes sociais e com o envolvimento de uma promotora do Ministério Público, um mês depois, todos foram capturados. Só depois disso conseguiu retomar sua vontade de viver e ser feliz. Ligia enfatiza a necessidade da pesquisa da cultura e costumes do país: “Há um romantismo sobre a mudança. Não existe isso de ‘vai ser feliz porque vai ganhar em euros’. Caso vá atuar em uma empresa, seja qual for o país, o que conta são os resultados entregues, como sabemos”. Perto do mar O mineiro Paulo José Marinho, ou Paulo Marinho, como é mais conhecido pela trajetória de três décadas entre o jornalismo e a comunicação corporativa, construiu uma carreira exitosa e premiada no Brasil. Só no Itaú, em que foi superintendente de Comunicação, atuou por 17 anos. Foi também por dois anos presidente do Conselho Deliberativo da Aberje, entidade cujo Conselho Consultivo ainda integra. E, como cereja do bolo, escreveu e lançou em 2019 o livro Mina de Amor, em que conta a trajePaulo Marinho na mesa que era reservada ao escritor José Saramago, no restaurante Farta Brutos, no Bairro Alto, em Lisboa
RkJQdWJsaXNoZXIy NDU0Njk=