DESEMBARQUE PROGRAMADO Anuário da COMUNICAÇÃO CORPORATIVA | 2024 322 fundamental para impedir problemas sérios gerados pelos algoritmos, como explica: “A ditadura do algoritmo levou o mundo a essa encruzilhada em que estamos. É o momento de humanizar os algoritmos e de seniorizar as equipes de comunicação. A maturidade profissional traz discernimento e aconselhamento necessários, muito além de relatórios de dados”. O início não foi fácil, ainda que não tenham sentido os efeitos do mercado imobiliário inflacionado para aluguel, por terem adquirido o apartamento. Em 2023, Thompson retornou ao Brasil para um trabalho de consultoria no Rio de Janeiro. Com um mês e meio, sofreu assédio moral e, devido à forte tensão, adoeceu e foi hospitalizado. Isso o fez refletir sobre a sua vida. E o retorno à Lisboa se deu com a certeza de ter tomado a decisão correta ao imigrar. “Hoje, Portugal é o meu lugar”. Thompson continua a prestar consultoria para empresas brasileiras com interesse em Portugal e para clientes no Brasil, como ressalta: “Ainda vale essa ponte, e a experiência profissional adquirida agrega valor para o cliente, independentemente de onde esse profissional estiver. Além disso, tenho a vantagem do fuso horário – nas três ou quatro horas de diferença, já li todas as notícias e preparei relatórios e outros documentos”. A chegada crescente e contínua de brasileiros em Portugal é uma tendência que veio para ficar. Pensando nesse mercado potencial, Thompson está desenvolvendo com outros brasileiros e um parceiro português um produto específico para atender a um mercado que pode atingir nos próximos anos um milhão de pessoas, representando cerca de 12% da população no país. Quer prova maior de que resolveu fincar raízes em Portugal? Trabalhar para viver A paulista Ilana Oliveira é conhecida como “a brasileira” no Sindicato dos Jornalistas de Portugal, e aí não há nenhum preconceito – apenas uma forma carinhosa de se referir a ela, que é especialista em comunicação e está à frente da gestão de projetos externos, eventos, treinamentos e ciclos de debates da entidade desde agosto de 2022. Graduada nas áreas de Jornalismo e de Cinema e Televisão, com pós-graduação em Comunicação de Cultura e Indústrias Criativas, ela está cursando atualmente mestrado na Universidade Nova de Lisboa. Já cuidou da comunicação de uma marca portuguesa e foi produtora da 12ª edição do FESTin Festival de Cinema, em Lisboa e em Luanda (Angola). Um agitado caminho para quem, em 2017, estava em São Paulo estudando jornalismo na Universidade Mackenzie e trabalhando em cultura na redação do jornal Destak. Foi quando recebeu da mãe, que já tinha cidadania portuguesa, a notícia de que ela e o padrasto iriam mudar para Portugal, para uma vida mais tranquila. Sem pestanejar, decidiu ficar no Brasil. Tudo certo? Nem tanto... Faltando uma semana para o embarque dos dois, teve um burnout. Diante da situação, a decisão foi mudar-se com eles e priorizar a saúde. Depois de seis anos, faz um balanço: “Ao chegar em Portugal e me recuperar, pude repensar meu futuro. No início, enfrentei dificuldades no meio acadêmico, como muitos brasileiros. Agora, já estou até fazendo meu pé de meia”. Mas é preciso lembrar que nada tem sido muito fácil no campo do jornalismo, muito menos para estrangeiros. Ou seja, para quem pensa em exerFernando Thompson na Universidade Nova de Lisboa
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