A FORÇA DO ENGAJAMENTO Anuário da COMUNICAÇÃO CORPORATIVA | 2024 310 Os números refletem o interesse dos usuários. Há dois anos a Nielsen apontou um exército com mais de meio milhão de brasileiros atuando no ramo no Brasil – e isso só entre contas com mais de 10 mil seguidores. O número passaria de 10,5 milhões agregados à faixa entre 1 mil e 10 mil seguidores. O levantamento colocou o Brasil na liderança mundial no número de influenciadores no Instagram e em segundo lugar tanto no TikTok quanto no YouTube. No topo do movimento situa-se a geração Z, os nascidos a partir de 1995, já formados na era da internet. A startup especializada em publicidade (adtech) Infl, identificou em 2022, em estudo com 3 mil brasileiros, o que levava os jovens a terem interesse em se tornar influenciadores sociais. Para 75% dos entrevistados, ser uma voz relevante e inspirar pessoas encabeçou a lista de motivações, seguida por interesse financeiro – 64% dos jovens afirmaram ter interesse em “remuneração por opinião”. O interesse no ramo ocupa um papel aspiracional de vida embebida de glamour, ocupada em diferentes épocas por perfis como top models, músicos de rock ou jogadores de futebol. A realidade, claro, é diferente. Pesquisa com influenciadores brasileiros realizada pela especializada Influency. me e divulgada em março confirmou que 41% do total ganham ao mês menos de R$ 500 e só 8%, acima de R$ 10 mil. Além disso, apenas 30% atuam exclusivamente na profissão, o restante busca outras fontes de renda para complementar o orçamento. O levantamento da Influency.me envolveu 300 respondentes entre influenciadores, agências, assessores e marcas e apontou algumas tendências para 2024. Entre os anunciantes, por exemplo, 68% apresentaram disposição em aumentar investimentos no setor neste 2024. Outra tendência é o aumento de contratação de influenciadores com número de seguidores entre 10 mil e 500 mil, principalmente por cobrança de valores mais baixos e taxas de engajamento superiores a perfis de grande porte. Entre os principais desafios indicados pelas marcas estão a busca do influenciador ideal (69%), geração de bons resultados (48%) e coleta de métricas (42%), dificuldades que podem ser relacionadas à falta de uso de softwares especializados para automatizar tais processos. Metade das marcas consultadas gerencia a estratégia de influência internamente, com 18% buscando apoio externo. Outro destaque é o aumento da recorrência: das marcas que contratam influenciadores, 82% responderam investir nas personalidades em todos os meses de 2023, contra 59% um ano antes. Também divulgada no início do ano, a 1ª edição do Influence Marketing Scope, estudo bienal realizado pela espanhola Scopen, teve levantamento realizado entre julho e novembro de 2023 com 101 profissionais de empresas e 28 de agências especializadas. O estudo mostrou o potencial de crescimento do setor. Hoje, em média, as empresas ainda dedicam R$ 0,23 a cada R$ 100 de faturamento ao marketing de influência, ante R$ 3,5 a marketing e publicidade. Os entrevistados apontaram a preferência pela contratação de microinfluenciadores, com público entre 10 mil e 100 mil seguidores (93%), principalmente nativos oriundos das redes (90%) e com foco em estilo de vida (80%). “No Brasil, apesar da satisfação geral, os desafios principais estão na profissionalização do setor, bem como na credibilidade do conteúdo e criatividade”, diz Paula Ribeiro, diretora de estudos e investigação da Scopen Brasil. Isso se aplica tanto a eficácia e definição de tarefas dos próprios influenciadores como a conhecimento do setor e falta de ferramentas – segundo ela, as principais barreiras das marcas para realizarem estratégias de marketing de influência. Do outro lado da moeda estão o interesse e o engajamento, além do poder de influência e conversão dos influenciadores – mesmo em relação a ações declaradamente pagas. No ano passado, na segundo edição da pesquisa O post é pago, e daí? − resultado de parceria entre o instituto Qualibest e a Spark, especializada em marketing de influência −, 59% dos 2 mil entrevistados no País afirmaram gostar quando influenciadores digitais recomendam produtos e serviços, com 66% já tendo então comprado produto ou serviço, ou ainda, visitado estabelecimentos indicados por eles. Na classe A o percentual alcança 86%.
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