Anuário da COMUNICAÇÃO CORPORATIVA | 2024 274 IMPRENSA e RP para o cliente tentando melhorar a abordagem, o nível de informação. Não sabem como melhorar”, conta Monique Lima, repórter do portal Infomoney. Na comunicação digital a chegada da tecnologia, sem dúvida, trouxe agilidade, e também dores, devido ao excesso da utilização. “O respeito ao horário não existe. O WhatsApp é maravilhoso, dá agilidade, mas com ele o limite acabou”, diz Gilmara Santos. “É comum receber mensagens à meia-noite, duas da manhã, com a introdução ‘eu sei que você vai ver essa mensagem só amanhã, mas já aproveito para adiantar que...’. É por isso que tenho que colocar o celular no modo avião se quiser dormir. Esse tipo de atitude é que desgasta o relacionamento. Acho muitas vezes que a pressão por resultados pelas empresas coloca o assessor nessa situação. Isso faz com que as fronteiras sejam ultrapassadas”. As abordagens para as pautas tiveram uma perda muito grande de qualidade, segundo os jornalistas consultados. Com 36 anos de Folha de S.Paulo, duas vezes editora de Economia, Ana Estela já atuou como correspondente internacional e foi por muito tempo ali uma das responsáveis pela formação de novos jornalistas. Ela destaca a insistência corriqueira pelo WhatsApp pessoal e formas, digamos, “diferenciadas” ou tentativas “encorajadoras” de emplacar uma pauta: “Talvez os mais jovens tenham uma outra cultura de como abordar, mas outro dia recebi, de um assessor com quem nunca conversei, um e-mail que terminava assim: ‘Bora lá fazer essa pauta?’”. Um ataque à regra básica de etiqueta. “Mais do que nunca é fundamental produzir conteúdo relevante e aderente ao noticiário e saber abordar os jornalistas com pertinência. O mercado não tem espaço para conversa fiada e abordagens desestruturadas”, avalia Claudio Sá, CEO da Conteúdo. “Às vezes recebo demanda para repercutir o que aconteceu em outra emissora ou uma pauta que visa a promoção de um determinado produto”, afirma Rosana Teixeira, coordenadora de produção do Jornal da Record. “Sinto que alguns assessores querem oferecer uma pauta sem assistirem ao jornal. Enviam a mesma pauta para todos os produtores ao mesmo tempo. Por isso, as pautas em si, muitas vezes rasas, não são suficientes. Temos que conversar pelo telefone e ampliar as possibilidades de abordagem. Na TV precisamos entender a pauta e estudar como nacionalizar o tema, impactar mais gente, servir de exemplo. A falta de comunicação efetiva faz com que o jornal deixe de fazer uma boa matéria e a empresa, de emplacar uma boa notícia”. “Todo dia tem assessor que ainda liga nos ramais da redação, querendo conversar com alguém que cobre tal editoria. Não sabem nem com quem desejam falar, não leem nem o expediente”, explica Rosana Hessel, repórter especial de Economia e Política do jornal Correio Braziliense. Na sede por resultados, etapas simples de verificação nos buscadores e nos perfis dos jornalistas das redes digitais são, muitas vezes, deixadas de lado. Só que, muitas vezes, uma googada pode evitar um desgaste desnecessário. Muitos jornalistas hoje estão nas redes digitais e usam suas páginas como vitrines de seus trabalhos, não só no Brasil, mas em escala global. Em 2023, a Cision, empresa multinacional de monitoramento de mídia, enviou questionários e obteve a participação de 3.132 jornalistas em 17 países, dentre eles Estados Unidos, Canadá, Reino Unido, Alemanha, Itália, Espanha e Austrália. Para a pergunta “em quais plataformas de mídia social você pretende estar mais ou menos ativo(a) no Monique Lima, repórter do portal Infomoney
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