Anuário da COMUNICAÇÃO CORPORATIVA | 2024 273 “Um cliente inteligente não quer ser rei”, lembra Fabiana Macedo, sócia fundadora e diretora da Punto Comunicação. “Ele sabe que circula em um mundo complexo, em que sua reputação deve ser cuidada por gente que entende do riscado e que não diz apenas amém para as suas demandas. A empresa contrata uma agência justamente porque não sabe tudo e precisa de orientação especializada para fazer uma comunicação séria e efetiva. A empresa paga para ser orientada. Por mais que pertencer ao C-level traga a sensação de poder, as pessoas que desempenham essas funções devem ter a consciência de que cabe aos profissionais de comunicação corporativa orientar a relação empresa e imprensa, criando as estratégias, respeitando os espaços, os horários e a vida dos jornalistas”. Senso de urgência Mesmo com a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), proliferam grupos de WhatsApp de assessores de imprensa e até mesmo de jornalistas e a troca de informações é muito alta. Jornalistas pedem fontes para determinada matéria e assessores pedem o WhatsApp dos jornalistas para oferecerem suas pautas. O que ocorre é que, na opinião dos jornalistas consultados, na luta por emplacar uma matéria da empresa que representam alguns assessores já ultrapassaram a barreira do aceitável e tornaram-se toxicamente comuns abordagens fora de hora e envio de pautas para jornalistas que nada têm a ver com aquele segmento de mercado. “O senso de urgência é algo alimentado pela própria imprensa”, lembra Danylo Martins, cofundador e publisher do portal Finsiders Brasil, especializado em fintechs. “Mas, ao mesmo tempo, as abordagens são muitas. Um mesmo assessor envia a pauta pelo WhatsApp, pelo e-mail e liga pedindo um retorno sobre o interesse. Tudo isso, às vezes, em questão de uma hora. Não dá nem tempo de avaliar a pauta, até porque nesse mesmo tempo chegaram outras”. Pelo volume recebido, muitas vezes a falta de uma resposta do jornalista à pauta que lhe foi ofertada é uma reclamação comum dos assessores, que simplesmente ficam “no vácuo”. O resultado é uma falta de aprendizado sobre o que poderia ser melhorado. Talvez essa lição nem deva partir da imprensa, mas o fato é que a falta desse retorno não gera experiência. “Muitos colegas meus da faculdade trabalham em assessorias e, como estão ainda no início, geralmente pegam as contas menos importantes. Eles reclamam que não há feedback da parte dos jornalistas, o que faz com que não consigam voltar Fabiana Macedo, sócia-fundadora e diretora da Punto Comunicação Danylo Martins, cofundador e publisher do portal Finsiders Brasil, especializado em fintechs
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