Anuário da COMUNICAÇÃO CORPORATIVA | 2024

Anuário da COMUNICAÇÃO CORPORATIVA | 2024 270 IMPRENSA e RP Ricardo Cesar, fundador e CEO da Ideal Claudio Sá, CEO da Conteúdo Comunicação pactos da Covid-19 ainda estão por aí no mundo da comunicação corporativa, como exemplo mais recente, já que as mudanças sobre o mundo das comunicações vão muito além do trabalho remoto. A agenda cada vez mais apertada, o uso exacerbado da comunicação digital, as redações mais enxutas e o relacionamento são os principais pontos citados pela imprensa e pelas agências como os pontos no topo da lista a serem discutidos. Porém, na verdade, os desafios da imprensa tradicional tiveram início há cerca de uma década, com a evolução das redes digitais, influenciadores, enfim, o fortalecimento do “eu, mídia”. É desde essa ressignificação da própria imprensa, após o crescimento da internet e das redes digitais, que essa relação simbiótica entre jornalistas e agências/empresas começou a se modificar significativamente. Não, não quero voltar ao tempo da pedra, mas é preciso contextualizar. “Quando nos associamos ao Grupo WPP, em 2015, as agências de PR nos Estados Unidos e Europa ficaram um pouco surpresas que o trabalho de assessoria de imprensa ainda tinha representatividade no Brasil”, conta Ricardo Cesar, fundador e CEO da agência Ideal. “Lá eles estavam muito focados na geração de conteúdo e em se relacionar com os influenciadores digitais. O trabalho com a imprensa havia declinado muito, porque estava em crise, com o crescimento das plataformas de internet, o encolhimento dos anúncios offline e o enxugamento das redações. Havia uma clara perda de relevância da imprensa globalmente”. Para ele, “agora esse pêndulo voltou. Foi-se retomando a importância. A partir do momento em que todo mundo virou mídia, com as redes digitais, a imprensa voltou a partir dessa necessidade de crivo do que é verdade. E mais: ela soube se digitalizar e hoje vemos que muitas vezes é a imprensa que ‘poliniza’ os temas discutidos nas redes digitais. É claro que o cenário é outro. A imprensa divide audiência com outros influenciadores e até mesmo com empresas. Está mais fragmentada, mais difícil de captar audiência e monetizar. No entanto, morreu aquele discurso de que a imprensa ia acabar”. Segundo Claudio Sá, CEO da agência Conteúdo Comunicação, “estamos em um momento de reorganização na mídia, com a imprensa mais focada no macro, na concorrência com o conteúdo digital em geral e na busca frenética por audiência e cliques”. Há uma percepção generalizada por parte da imprensa e das agências de que as empresas atu- ©Luís Simione

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