FAIRPLAY EM BAIXA Anuário da COMUNICAÇÃO CORPORATIVA | 2024 264 Anuário – Em sua avaliação, quais os principais problemas enfrentados pelas agências na participação em concorrências? Schiavoni – Prazos exíguos para a apresentação de propostas, com menos de duas semanas; prazos de pagamento com mais de 30 dias, o que afeta a nossa operação; escopos mal definidos em briefings; falta de transparência no processo decisório final; apropriação indevida de ideias apresentadas em cases e uso da modalidade menor preço e pregão eletrônico para a contratação de serviços, de treinamento e de consultoria estratégica de agências. Exemplo são as modalidades menor preço e pregão, que não se aplicam ao nosso segmento, cujo trabalho é de natureza intelectual, intangível e indivisível. O volume de atividades de profissionais das agências de comunicação não é totalmente previsível, uma vez que elas precisam lidar com a mídia espontânea e com o ambiente volátil da comunicação nas mídias digitais e redes sociais. Do mesmo modo, o perfil dos profissionais de atendimento também faz toda a diferença na seleção de uma agência, bem como a experiência dela naquele desafio específico ou em trabalhar para empresas do mesmo setor. Anuário – A Abracom tem dados sobre o quanto esses problemas se repetem nas concorrências? Schiavoni – Em 2023, a Abracom recebeu mais de uma reclamação semanal de agências associadas sobre processos de concorrência considerados predatórios pela entidade, uma vez que estão em desacordo com as nossas recomendações de boas práticas em concorrências de comunicação corporativa no setor privado. No mesmo ano de 2023, por exemplo, a entidade notificou 12 empresas contratantes que apresentavam problemas em suas solicitações de propostas (RFPs) e/ou em seus modelos de contrato. As empresas são notificadas quando duas ou mais agências entram em contato com a Abracom comunicando o problema. Anuário – Desde o lançamento da primeira versão do Guia de Boas Práticas, realizado em parceria com a ABA, em 2014, a Abracom aprofundou suas iniciativas para enfrentar essas questões. Quais as atuais linhas de ação? Schiavoni – A partir desse lançamento, em 2014, a Abracom ampliou as suas iniciativas para enfrentar essas questões, incluindo o desenvolvimento, em 2017, do Guia de 10 Passos para uma Concorrência Legal. A Abracom criou, em 2021, um grupo de trabalho para discutir, entre outros, o tema das concorrências: o GT Mercado Forte. Atualmente, ele é formado por 44 lideranças de agências de todos os portes. Em 2022, esse mesmo grupo trabalhou nas Normas Referenciais Abracom (NRs), um documento com recomendações e propostas de cláusulas contratuais estruturadas com base na legislação vigente e nas melhores práticas de mercado para a contratação de agências de comunicação corporativa. As NRs da Abracom abordam questões como exclusividade na prestação de serviços, cláusulas de confidencialidade, proteção de direitos autorais, prazos de pagamento dos fees e prazos para rescisão contratual. Em 2023, desenvolveu e lançou, juntamente com a ABA, um novo Guia de Compras de Serviços de Comunicação Corporativa Abracom-ABA. Além dessas iniciativas, ainda em 2023, notificamos empresas contratantes sobre processos abusivos de concorrência, provocamos e participamos de reuniões com elas, sempre com o objetivo de elucidá-las sobre os processos de concorrência e de contratação de agências de comunicação. Já como linha atual de ação, vamos implementar em 2024 uma certificação de agências. Essa certificação pretende ajudar as agências a se destacarem em um mercado competitivo, aumentar a confiança dos clientes, garantir a qualidade dos serviços prestados e abrir portas para novas oportunidades de negócios. Anuário – E como tem sido a receptividade de clientes e de entidades parceiras? Schiavoni – Tem sido positiva. Uma constatação disso é o apoio da ABA no desenvolvimento dos guias de boas práticas. Também entendemos que as notificações que enviamos resultaram em diálogos e sobretudo na revisão de prazos de apresentação de propostas na maioria das interpelações que fizemos. Precisamos ainda, contudo, conscientizar melhor as empresas contratantes sobre prazos mais justos para o pagamento dos serviços executados e sobre os processos de concorrência, para que considerem, cada
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