Anuário da COMUNICAÇÃO CORPORATIVA | 2024 255 os conflitos entre clientes e agências, que começaram a bater mais e mais na porta da Abracom para se queixar de novos problemas que foram surgindo. Para Vitor Fortes, diretor da agência in.Pacto, “o principal obstáculo para participar de uma concorrência privada é o gasto de energia interna do dia a dia da agência, visto que a maioria não possui em seu organograma setor e verba específica para esses investimentos”. Além de mobilizar recursos, as agências se queixam fortemente dos prazos exíguos para responder às RFPs (Request for proposal, modelo de solicitação de proposta para contratação adotado no setor privado). O custo para participar de uma concorrência privada ainda é bem menor do que os investimentos para grandes concorrências públicas. Para uma licitação grande de governo, como a recentemente realizada pela Prefeitura de São Paulo, com verba anual de mais de R$ 30 milhões, o mercado estima que cada agência participante gastou cerca de R$ 100 mil. Isso inclui documentação financeira, assessoria jurídica e exercício técnico que pode mobilizar mais de 20 pessoas, incluindo design, criação, redação, financeiro, jurídico, em um processo que se desenrola por vários meses. Nas concorrências privadas as exigências são cada vez mais rígidas, mas as provas técnicas e a documentação a ser apresentada são menos complexas. Além disso, não há espaço para recursos contra avaliações ou documentação jurídico-financeira, o que reduz significativamente o custo com profissionais especializados. Os problemas são outros, como o prazo de apresentação de propostas. As empresas do setor colecionam casos em que uma RFP chega na quinta-feira pedindo uma série de documentos, atestados e a própria proposta técnica, tendo apenas três dias úteis e um fim de semana no meio para a entrega. “Nem sempre os prazos são suficientes para o desenvolvimento de um trabalho de excelência”, ressalta Renata Saraiva, fundadora e diretora da agência Truly. Ela acrescenta um dos outros problemas mais apontados pelo mercado: o briefing mal elaborado, que segundo ela “cria no cliente a percepção de que o prazo é suficiente”. João Pedro Faro, diretor-presidente da Insight, acrescenta que, “quando o briefing está errado, a gente só descobre o que realmente o cliente quer ao entrar na conta, caso sejamos vencedores. Falta clareza dos objetivos estratégicos em comunicação e falta um diagnóstico dos problemas a serem enfrentados. Muitas vezes esse diagnóstico é entregue de graça na concorrência. E precisamos Vitor Fortes, diretor da in.Pacto João Pedro Faro, diretor-presidente da Insight
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