Anuário da COMUNICAÇÃO CORPORATIVA | 2024

Anuário da COMUNICAÇÃO CORPORATIVA | 2024 242 OLHAR COMUNITÁRIO apenas no âmbito das empresas ou dos milionários, também ocorre no nível do cidadão comum. Mas isso está mudando no Brasil. O programa Criança Esperança, da Rede Globo com o Unicef, já arrecadou R$ 445 milhões em doações de pessoas e empresas. Um dos trunfos do projeto é a pesquisa interna revelando que 98% da população o associa à cultura de doação no Brasil. O detalhamento é de Cristovam Ferrara, diretor de Valor Social da Rede Globo. Pesquisa feita pelo Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social, uma consultoria de apoio técnico, com dados de 2022, mostrou que 84% dos brasileiros com mais de 18 anos e renda familiar maior do que um salário mínimo realizaram ao menos uma doação, em dinheiro, em bens ou dedicação de tempo, de forma voluntária no ano. A enquete mostrou que foram R$ 12,8 bilhões em doações individuais destinadas a ONGs e projetos socioambientais naquele ano. “Um número grandioso, certamente”, diz Gaulia. Saúde do empregado Simone Maia, na construtora MRV, acredita que as empresas têm de cuidar dos seus, e observa que, quanto mais olha para o colaborador, mais engajamento obtém em retorno. O trabalho é um dos lugares em que se passa mais tempo da vida. “O projeto Cuidando de Quem Constrói procura transformar esse local de trabalho em um local de cuidado, porque temos que valorizar quem nos ajuda a construir”, explica. Às vezes, um trabalho inicialmente voltado para os colaboradores, se bem concretizado, acaba sendo ampliado para outros grupos da sociedade. A empresa mantém 300 canteiros de obras com 18 mil operários, em 22 estados. A partir de dados do Instituto Nacional de Câncer (Inca), soube que o câncer de pele é o de maior incidência no Brasil. Somente em 2024, devem chegar a 220 mil novos casos. “Nosso operário é predominantemente masculino, desses que não se cuidam”, constata Maia. Foi pensando neles que o projeto Cuidando de Quem Constrói fez, há dez anos, uma parceria com a Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD). Foram distribuídos, para todos os colaboradores nas obras, kits contendo protetor solar e uma revista que o desenhista Maurício de Sousa criou para a SBD. A empresa encomendou ao grupo Quarteto de Arriação – pedreiros pernambucanos que fazem música – um videoclipe sobre o tema, e o veiculava nos locais de trabalho. Houve palestras e atendimento com médicos nas obras. Nessa triagem, foram encontrados 32 casos possíveis de câncer de pele. Encaminhados para biópsia, em um deles foi confirmado o carcinoma e tratado. “Temos a certeza de que salvamos uma vida. Isso dá um orgulho, um conforto para nós”, comenta Maia. A empresa também se vale de seus investimentos em marketing no futebol para fazer avançar suas causas e seus propósitos. Detentora, em Belo Horizonte, onde fica sua sede, do naming rights do estádio de futebol do Clube Atlético Mineiro, que agora se chama Arena MRV, compara seus operários com os jogadores, já que uns como os outros de certo modo trabalham de sol a sol. E para dar ainda mais força à ação, programou o lançamento para o Dezembro Laranja de 2023, coincidindo com a campanha de verão do Ministério da Saúde para prevenção e detecção precoce do câncer de pele. No dia do jogo Atlético versus Grêmio de Porto Alegre os jogadores usaram uma camisa cor de laranja e, em parceria com o canal de notícias CNN, houve atendimento de dermatologistas para qualquer pessoa que se interessasse. Diante da constatação de que, infelizmente, é gigantesco o contingente de analfabetos na construção civil como um todo, e na MRV não é diferente, a empresa instituiu o projeto Escola Nota 10, que em dez anos alfabetizou 4,8 mil operários. Apesar de quase toda grande empresa do seLuiz Antônio Gaulia, consultor e professor

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