Anuário da COMUNICAÇÃO CORPORATIVA | 2024 239 O s Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) foram estabelecidos pela ONU para a Agenda 2030, visando acabar com a pobreza, proteger o meio ambiente e o clima. Entre os 17 objetivos listados, ao menos dez dizem respeito a um projeto social bem definido: a erradicação da pobreza, fome zero, saúde e educação, saneamento, energia acessível, trabalho decente, redução das desigualdades, comunidades sustentáveis, justiça e instituições eficazes. Clima, água e vida terrestre respondem pelos demais. Aparentemente, o social é a área em que as empresas mais avançaram. “As empresas por si só fazem as ações, não precisa tanta cobrança, todo mundo quer ajudar. As empresas deram-se conta de que investir no social é o caminho”, afirma Sônia Araripe, consultora e editora da revista Plurale, na qual 80% da pauta diz respeito ao social. E prossegue lembrando que o ambiental todo mundo vigia. Isso foi realçado pelos desastres recentes, como a mina de sal-gema em Maceió (AL), ou mais antigos, como o rompimento da barragem em Brumadinho (MG). Ambos tiveram enorme repercussão e profundos reflexos nas populações que habitam essas regiões. “Mas ainda há muito o que fazer. E a governança talvez seja o mais atrasado”, observa Sônia. Renata Chagas, diretora do Instituto Neonergia, atribui à percepção de governo, investidores, acionistas e outros públicos preferenciais o destaque dado ao S do ESG. E Simone Maia, gestora de Comunicação Institucional da construtora MRV, acredita que, por ser o Brasil um país tão carente, é para o S que se precisa olhar mais. “Se estivéssemos na Europa, provavelmente o olhar seria mais para a área ambiental. O Brasil precisa muito do S”. Leandro de Freitas, diretor de Comunicação Corporativa da Vivo, destaca que a empresa tem colocado um grande empenho em ações consistentes em áreas ESG como a ambiental, em que a empresa ocupa a primeira posição no ISE – Índice de Sustentabilidade Empresarial da B3. A governança é guiada por um Plano de Negócio Responsável, com mais de cem indicadores e metas, além do compromisso de uma atuação alinhada aos ODS. Assim como a experiência empresarial de Freitas o faz discordar da maneira pela qual a sociedade como um todo interpreta a informação que recebe, outras companhias tampouco se restringem ao aspecto social do ESG, mas procuram atender a todos eles. Apenas reconhecem a maior visibilidade do S. Anatricia Borges, na LLYC, é diretora de Gestão de Stakeholders ESG para América Latina. Está na agência para a geração de conhecimento nessa área e pretende levar às pessoas as premissas e o impacto das políticas que a orientam. “Tem muita gente querendo atravessar mais rapidamente esse caminho”, ressalta. A agência lançou, em abril deste ano, o estudo de 2023 sobre governança. O relatório anual da LLYC, em 2022, abordou as dissonâncias do ESG na sociedade civil, reconhecendo que a sigla se desenvolvia de maneira muito distanciada da sociedade. “Analisamos ESG a partir de uma ótica do que se entende sobre o assunto, quem está falando sobre isso e quais são as significações dadas”, afirmou Anatricia em palestra na Aberje. “O primeiro dado relevante é que a sociedade brasileira desconhece o ESG; por outro lado, a sociedade já entende o que é responsabilidade social”. No âmbito social, muito já se avançou. “No Brasil, temos a mania de ter a expectativa das soluções muito rápidas. Não olhamos para trás, para o que já foi feito”, resume Sônia Araripe.
RkJQdWJsaXNoZXIy NDU0Njk=