Anuário da COMUNICAÇÃO CORPORATIVA | 2024

Anuário da COMUNICAÇÃO CORPORATIVA | 2024 233 nança, da sigla em inglês) fez com que as grandes corporações homologassem um grupo cada vez mais variado de empresas em sua carteira de fornecedores”, opina a fundadora da SI Comunicação. Silvana diz que muitas contas chegam à assessoria graças à indicação de clientes ou pelo fato de o contratante enxergar afinidade de propósitos. Mas, como entre o discurso e a prática existe um oceano de distância, iniciativas “fora da caixinha” ainda são motivo de, digamos, estranhamentos. “Um cliente nos questionou o porquê de estarmos sugerindo tantas fotos de pessoas pardas para ilustrar as campanhas da empresa nas redes sociais. Outro falou sobre o excesso de mulheres nas comunicações”, lembra o sócio da Midiaria.com. Isso, segundo Kleber, demonstra que ainda é preciso intensificar o processo de “educação do mercado”. “A valorização da diversidade é uma realidade que deverá se manter na agenda social por muito tempo”, avalia. “Com isso, restarão apenas dois caminhos: aprender a viver nesse novo mundo pelo amor (por vontade própria) ou pela dor representada pelo medo de ser excluído do mercado”. Do ponto de vista das agências de comunicação, outro importante dividendo dos locais inclusivos é a redução da taxa de turnover. Que o diga Carolina Mendes, sócia da paulistana 2PRÓ Comunicação. Graduada em RP, ela conta que encontrou na agência um ambiente acolhedor e que jamais impôs barreiras ao seu desenvolvimento pessoal. Ela foi contratada em 2009, dentro de um acordo que lhe permitiria flexibilidade para desenvolver a carreira acadêmica, que resultou no mestrado em divulgação científica e cultural, na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), concluído em 2015, e no doutorado, ainda em curso, na mesma instituição. Carolina não apenas conseguiu equilibrar as demandas corporativas com as da academia, como também construiu uma carteira de clientes que acabou rendendo o convite para se tornar sócia da agência fundada por Myrian Vallone. Foi nesse espaço marcado pela sororidade que Carolina tornou-se mãe. Uma decisão que muitas vezes coloca a carreira de mulheres em xeque. “É nesse ponto que muitas acabam se voltando ao empreendedorismo, porque é a única forma de ter mais flexibilidade de horários. A maternidade é um tema pouco discutido, na minha visão, porque muda bastante a perspectiva de tempo para as mulheres. Ainda bem que eu tive bastante apoio das sócias da agência nesse aspecto, e tenho uma rede de apoio relativamente grande, mas essa não é a realidade do mercado. Em geral, quanto menor a rede de apoio, mais as mães precisam de flexibilidade. A jornada comercial foi totalmente pensada para os homens, não para nós. Na perspectiva de D&I, passamos da hora de a sociedade ter essa conversa”. Solidão racial Mesmo sem contar com uma política específica no que se refere às cotas raciais, Carolina diz que a sistemática de contratação da agência sempre privilegiou a diversidade. Atualmente, cerca de 25% do time da 2PRÓ é formado por profissionais nãobrancos: asiáticos, ameríndios, pardos e negros. Uma realidade diametralmente oposta à vivida pelos veteranos da comunicação social, cujas carreiras tiveram início antes de as teses sobre equidade Carolina Mendes, sócia da 2PRÓ Comunicação

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