Anuário da COMUNICAÇÃO CORPORATIVA | 2024 232 DIVERSIDADE RACIAL panhada de uma tomada de consciência sobre a questão a ser resolvida. E é essa abordagem que pauta o trabalho do GT de Diversidade e Inclusão da Abracom, liderado por Tacyana Viard, coordenadora de atendimento da Dupla Comunicação. À frente do GT há pouco mais de um ano, ela diz que sua ambição é acelerar o debate sobre D&I nas cerca de 170 agências associadas. Para isso, o GT vem apostando em ações formativas, como palestras e workshops. A “cereja do bolo” dessa gestão, porém, é a pesquisa Conhecer e Agir – Um panorama sobre Diversidade, Inclusão e Equidade nas agências de comunicação corporativas da Abracom, prevista para ser divulgada até o final de 2024. O trabalho está sendo feito em parceria com a especialista Mayara Teodoro, e Tacyana adiantou ao Anuário alguns achados. Os números nos remetem à metáfora do “copo meio cheio, meio vazio”. É que se, por um lado, 72,2% das empresas pesquisadas dizem não contar com uma área ou departamento exclusivo para a prática de diversidade, equidade e inclusão, por outro, os Comitês de DE&I já são realidade em 47,2% das agências e as iniciativas de conscientização (debates, palestras ou workshops) acontecem em 72,2% das assessorias. “Apesar de ainda termos uma lacuna do ponto de vista de estrutura e políticas estabelecidas, percebemos que, nesse universo de agências respondentes, há uma dedicação do ponto de vista de letramento”, destaca a coordenadora do GT de Diversidade e Inclusão da Abracom. “A maioria não tem um departamento, mas isso não significa que elas não olhem e não tragam o assunto para o seu dia a dia. Pelo contrário. Mais de 70% buscam promover iniciativas, pontuais ou rotineiras, que reúnam suas equipes para aprender. E essa etapa, a da conscientização e do envolvimento coletivo, é fundamental. Nós, enquanto GT, queremos contribuir para potencializar essas práticas e ajudar quem ainda está começando ou ainda vai dar o primeiro passo”. É evidente que quando o dono ou os principais acionistas comungam desses valores fica sempre mais fácil fazer a transição do business as usual para um modelo e uma filosofia de gestão baseados não apenas na demanda da sociedade, como também no que parece ser o mais correto a ser feito. Um bom exemplo é o da paulistana Midiaria. com, criada em 2011. “Desde a fundação da empresa a diversidade é um elemento que valorizamos, por isso sempre fez parte de nosso propósito e ações práticas”, diz Kleber Pinto, cofundador e diretor de comunicação e estratégia digital da agência. “Quando abre uma vaga, os gestores de área já sabem que terão de atentar para a diversidade de gênero, de raça, de origem social e de sexo, além da inclusão dos PcDs”, explica. O resultado, segundo o executivo, é a melhoria na qualidade da entrega do produto final. Isso porque toda proposta já sai da agência com uma espécie de curadoria. “Na produção de um site, por exemplo, nós partimos de algumas premissas: É acessível e acolhe os PcDs? As imagens representam a diversidade social? Nós estamos conversando, de fato, com um público amplo?”, exemplifica. Kleber conta que a resposta do mercado tem sido positiva, especialmente por parte de clientes cujos projetos têm essa mesma pegada. Ele conta que o fato de a Midiaria.com ser comandada por um profissional preto pode ter sido um fator de atração para clientes, sem que isso a tenha confinado a uma espécie de gueto. Ao contrário, representou, isso sim, a abertura de caminhos. “A exigência de adoção de métricas que integram os pilares ESG (ambiental, social e goverKleber Pinto, cofundador e diretor de comunicação e estratégia digital da Midiaria.com
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