Anuário da COMUNICAÇÃO CORPORATIVA | 2024

Anuário da COMUNICAÇÃO CORPORATIVA | 2024 226 DIVERSIDADE RACIAL De acordo com o estudo Perfil do Jornalista Brasileiro 2021 2, 67,8% dos profissionais de comunicação declaram-se como brancos e 58% são do sexo feminino. No quesito cor/raça pouca coisa mudou desde 2012, quando foi rodada a primeira edição da pesquisa, fruto da parceria entre a Associação Brasileira de Pesquisadores em Jornalismo (SBPJor), o Laboratório de Sociologia do Trabalho (Lastro/UFSC) e a Rede de Estudos sobre Trabalho e Profissão (Retij). Nesse período, o montante de negros atuando na profissão saltou de 23% para 29,9%. Número ainda muito distante da proporção de pretos e pardos na sociedade: 55,5%. Apesar de não existir comprovação científica, tudo leva a crer que os cerca de sete pontos percentuais de avanço estariam ligados ao impacto favorável de dois movimentos complementares: 1) as ações afirmativas governamentais para o ingresso de estudantes oriundos de escolas públicas, especialmente dos negros, no ensino superior; e 2) os programas de Diversidade, Equidade e Inclusão (DE&I) lançados por empresas. Essas iniciativas ajudaram a quebrar o círculo vicioso que serviu de muleta para discursos que vigoraram nas décadas de 1980, 1990 e 2000, segundo os quais não haveria muitos negros nas empresas de comunicação porque poucos possuíam diploma de curso superior. Contudo, inúmeras pesquisas e estudos reforçam a percepção de que, mesmo com maior oferta de mão de obra qualificada, a diversidade racial nunca foi um tema que encontrou campo fértil, na prática, dentro das empresas de comunicação − em que pese a quantidade de reportagens em jornais, revistas e telejornais, veiculadas a partir de relatórios e releases de assessorias de imprensa sobre a importância estratégica e os possíveis benefícios econômicos trazidos por times plurais. Casa de ferreiro... Um bom exemplo é o que nos traz a pesquisa Raça, Gênero e Imprensa: Quem Escreve nos Principais Jornais do Brasil?, realizada pelo Grupo de Estudos Multidisciplinares de Ação Afirmativa (Gemaa) da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj) em parceria com a Rede de Jornalistas Pretos pela Diversidade na Comunicação (Rede JP) 3. Publicado em maio de 2023, o trabalho abrangeu os três maiores veículos impressos do País: O Estado de S. Paulo, Folha de S.Paulo e O Globo e mostrou que diversidade de gênero e de raça passam longe desses gigantes do jornalismo. Nessas redações, o contingente de brancos é de 84,4%, seguido por pardos (6,1%) e pretos (3,4%). As mulheres representam 36,6% do total de empregados. No segmento corporativo e nas agências de comunicação o quadro não é muito diferente, conforme apontam os estudos disponíveis. Um deles, coordenado pelo Instituto Corda – Rede de Projetos e Pesquisas, publicado na edição 2022 deste Anuário 4, indicou que a presença de afro-brasileiros nas agências de comunicação é de 20,7%, sendo 11,2% dos postos ocupados por pardos e 9,5% por profissionais pretos. “No caso das mulheres negras, a situação é ainda pior, pois estamos expostas ao machismo e ao racismo”, destaca a pesquisadora e especialista em comunicação Gislene Rosa. “Quando conseguimos uma vaga somos olhadas como alguém que só chegou ali com a ajuda de outra pessoa, especialmente um branco”, diz. Ao longo de sua trajetória de 23 anos na comunicação corporativa, ela acumulou histórias e aprendizados que, recentemente, tornaram- -se mote para seu artigo no MBA em Gestão da Comunicação Empresarial na FGV-SP: Confissões de uma preta periférica: A invisibilidade da mulher negra dentro das Agências de Relações Públicas/ Assessorias de Imprensa, escrito no começo de 2024. Gislene Rosa, pesquisadora e especialista em comunicação

RkJQdWJsaXNoZXIy NDU0Njk=