Anuário da COMUNICAÇÃO CORPORATIVA | 2024

Anuário da COMUNICAÇÃO CORPORATIVA | 2024 225 Imagine a seguinte cena: uma profissional de comunicação e relações públicas está nos bastidores do auditório de uma das mais importantes entidades empresariais do Brasil e, minutos antes de cumprir a função de mestre de cerimônia, descobre que seu nome foi vetado pelo cliente. Ao tentar entender a situação, ela questiona diversos interlocutores da empresa contratante. Um clima de constrangimento domina o ambiente, no qual impera o silêncio por longos minutos, até que um dos executivos resolve abrir o jogo: “Ele (o dono da empresa) disse que a cor da sua pele não combina com os olhos azuis de seu público”. Infelizmente, o episódio é real e foi protagonizado pela jornalista e RP Iza França, em 13 de agosto de 2015, na sede da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) 1. É claro que estamos diante de uma situação extrema que, em pleno 2024, não seria razoável imaginar que aconteça, pois nos encontramos em um período no qual a diversidade em todas as suas formas, raça, gênero, orientação sexual e pessoas com deficiência (PcD), tornou-se um marcador importante do espírito do tempo (zeitgeist). Contudo, em uma sociedade que ainda resiste em acertar as contas com o seu passado escravagista, não se pode ignorar que a questão racial ainda pauta a forma como os diversos integrantes do tecido social relacionam-se entre si, em todos os campos. E tudo isso pode ser confirmado de uma maneira simplista pelo “teste do pescoço”, quando estamos em espaços de poder e percebemos o baixo número de indivíduos não-brancos, ou, de um modo mais sofisticado, a partir da leitura de estatísticas e pesquisas sobre a baixa presença de negras e negros (a soma de pretos e pardos, de acordo com a classificação do IBGE) em cargos de comando, em geral, e na indústria da comunicação, em particular. longo

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