Anuário da COMUNICAÇÃO CORPORATIVA | 2023 94 MERCADO DA COMUNICAÇÃO CORPORATIVA do mercado e dos clientes em relação à comunicação. “Há uma enormidade de oferta de serviços sem compreensão adequada do que é cada coisa. Paradoxalmente, isso também significa oportunidades de novos negócios”, diz Myrian. Mais um desafio é a necessidade de adaptação contínua, diante de demandas que não param de surgir, entre elas a formação de perfis profissionais com as habilidades necessárias para o perfil da 2PRÓ. Ela observa o impacto do ambiente de negócios para a própria agência, já que 2023 começou mais devagar do que os anos anteriores. “A falta de liquidez global em todos os setores, associada a um cenário econômico e político pouco claro, tem feito com que as empresas sejam mais conservadoras em investimentos”, avalia. Mas nada que já não tenha sido visto em períodos do passado. “Momentos como esse demandam mais criatividade nas entregas e reforço dos valores que trouxeram a agência até aqui de forma bem-sucedida”, acrescenta. Uma das questões relevantes que perpassam o cenário atual da comunicação é a que diz respeito a novas tecnologias, inclusive inteligência artificial. “A digitalização das relações e a automação de processos vêm transformando a comunicação de forma mais intensa há ao menos uma década”, diz Myrian. Isso correspondeu à adoção disseminada das redes sociais, mudança nos modelos publicitários, revolução nos dados e, agora, à chegada das ferramentas de IA. Segundo ela, “as tecnologias avançam com mais velocidade do que conseguimos acompanhar, o que nos deixa, como sociedade, sempre com um gap. Além disso, estamos sempre correndo atrás”. Isso tanto do ponto de vista regulatório, como de conhecimento e ética. Myrian busca referência em artigo de Dave Garrett, do Project Management Institute, que descreve a situação atual como never normal, ou nunca normal. “Vivemos em estado de incerteza perpétua, justamente em razão das rápidas mudanças provocadas pelos avanços tecnológicos”, detalha. O que seria uma excelente maneira de descrever o ambiente em que hoje atuam as agências de comunicação. Outro ponto é a necessidade de compreender que o esforço para manter a atualização sobre as novas tecnologias será constante. “Frente a elas, será necessário compreender, e explicar aos clientes, também aquilo que temos de mais valioso: o pensamento crítico e a estratégia”, analisa. Afinal, é sobre isso que se debruça o trabalho de comunicação corporativa. Se a IA responde a perguntas em questões de segundos, mas nem sempre de maneira correta, já que suas fontes são aquelas disponíveis a todos, a avaliação crítica do que é produzido, os insights sobre como distribuir esse conteúdo e a análise de resultados e melhorias seguem a cargo dos profissionais de carne e osso. “Aqueles que entenderem como usar a tecnologia – e o cérebro – a seu favor estarão sempre na vanguarda”, afirma. Comunicação deve ser vista como matéria única aboutCOM Uma das agências que avançou em posições no ranking preparado por este Anuário em 2022, a aboutCOM passou do 26º para o 21º posto na lista preparada em 2023 para o segmento das agências-butique, graças a seu faturamento bruto pouco acima de R$ 2 milhões em 2022, contra R$ 1,9 milhão registrados no ano anterior. E as perspectivas continuam positivas. Nos primeiros meses deste ano, a agência renovou os contratos com todos os clientes para quem o ano fiscal mudou em janeiro. “Seguimos otimistas para crescer dentro da mesma média dos últimos anos”, afirma a CEO e presidente da agência, Flavia Sobral. O resultado mostra a continuidade dos esforços – e dos resultados – percebidos ao longo do ano passado, marcado, segundo a dirigente, pela consolidação da metodologia de comunicação desenvolvida na casa e batizada de T2H (Tech to Human). O conceito propõe estratégia de comunicação integrada que vai além das ferramentas das quais ela se utiliza, para centrar-se nas necessidades das personas dos negócios dos clientes. Segundo Flavia, os projetos baseados nessa
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