Anuário da COMUNICAÇÃO CORPORATIVA | 2023 75 na construção das marcas. “A crise, claro, é geral. E basta olharmos para as agências de publicidade, por exemplo, para ver o que aconteceu. Elas tiveram de se reinventar, porque aqueles orçamentos milionários desapareceram. Tudo está sendo ressignificado. O que inclui, por óbvio, o valor do trabalho”. Mão de obra qualificada é, sim, outro fator crítico, especialmente, conforme salienta Sá, “em relação à oferta de profissionais em meio de carreira. Os plenos desapareceram do mercado. Os dois anos de pandemia e o home office instalaram uma crise de formação de novos profissionais. A solidão do trabalho interrompeu a curva de transmissão de conhecimento. Falta mão de obra qualificada nesse estrato intermediário”. O momento para a atividade é de reinvenção e transição, na visão dele. “A imprensa vai perdendo relevância e significado, o mundo dos influenciadores cresce, a demanda das marcas por engajamento nunca foi tão alta e as redes sociais estão em mudança nos formatos e modelos de entrega de resultados. Tudo isso vai obrigar a indústria da comunicação a rever produtos, soluções, modelos de remuneração e modos de trabalhar. Não tenho dúvida de que estamos no começo da travessia. Estamos todos tentando encontrar caminhos”, assinala. Um desses caminhos, a seu ver, passa pelo modo como as novas tecnologias serão incorporadas por profissionais, agências e áreas de comunicação. “Estamos todos tateando no escuro. Certamente o avanço da inteligência artificial vai mudar o mundo do trabalho. Os algoritmos saberão fazer uma análise melhor de exames de imagem do que um médico de carne e osso. Na indústria do direito, milhares estão sendo demitidos, especialmente nos escritórios de contencioso de massa, onde as ações são repetitivas. Na engenharia, na comunicação e outros segmentos não será diferente. O que é padrão será feito por máquinas. Temos que nos concentrar onde a criatividade e a análise fazem a diferença. O ChatGPT é por enquanto um ‘Rolando Lero’ com linguagem fluida. Mas não deve demorar para chegar a um nível mais complexo de elaboração de argumentos. O futuro está em saber fazer as perguntas certas, analisar e apontar para caminhos criativos, território em que as máquinas ainda são neófitas”, conclui. Claudio Sá: os dois anos de pandemia e o home office instalaram uma crise de formação de novos profissionais; a solidão do trabalho interrompeu a curva de transmissão de conhecimento
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