Anuário da COMUNICAÇÃO CORPORATIVA | 2023 369 Em março deste ano, o Einstein tornou-se a primeira organização de saúde brasileira a participar como speaker do SXSW, maior arena mundial de tendência e inovação. Nas semanas que antecederam o evento, deparei-me com o artigo A Conversation With Bing’s Chatbot Left Me Deeply Unsettled (Uma conversa com o Chatbot do Bing me deixou profundamente incomodado, em português), publicado no The New York Times pelo jornalista Kevin Roose. De fato, a história aguçou meus sentidos para tudo o que veria no evento sobre inteligência artificial (IA) e sua relação com as pessoas. Parti para o SXSW e lá fui amplamente impactada por ideias e previsões − otimistas e catastróficas − em torno das possibilidades da IA. A grande maioria dos profissionais que estava lá com certeza saiu com a mente altamente estimulada a pensar sobre os rumos de tudo aquilo que estávamos vendo, para si, pessoalmente, para o futuro do seu trabalho, para a atividade que exerce. De um lado, as maravilhas e os perigos do avanço dessa tecnologia, que virou debate perene; de outro, a humanização, as conexões e as relações tão essenciais para a nossa sobrevivência (aprendidas antes mesmo do berço), a manutenção da intimidade (natural X artificial), o futuro da humanidade. Comigo, obviamente, não foi diferente. Como o avanço da IA vai impactar a minha vida, o meu trabalho, a minha área de atuação? Sempre paira aquela dúvida se a máquina vai se sobrepor às pessoas. Seremos uma sociedade que se contentará com o superficial? Onde precisamos avançar? E por onde começar? O que está claro, e não é de hoje, é que, sim, há coisas que a tecnologia faz melhor e fará muito melhor. Mas, nós, humanos, temos algo que nunca será superado: a capacidade de questionar com senso crítico, de entender o meio com suas ambiguidades e contradições, de conseguir tratar as imprevisibilidades da natureza humana. Temos a empatia, a imaginação, sabemos gerar conexões com sentimento. Compreendi que quanto mais tecnologia e mais dados temos, mais especialistas no ser humano e na sua relação com o meio teremos de ser. É exatamente a partir da relação entre o discernimento humano e a tecnologia que precisamos pensar no papel da comunicação. E aqui pontuo algumas das primeiras reflexões − que acho interessante focar e (*) Débora Pratali, diretora de Comunicação do Hospital Israelita Albert Einstein Comunicação A sincronia da IA com o fator humano Por Débora Pratali * ARTIGO
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