Anuário da COMUNICAÇÃO CORPORATIVA | 2023

Anuário da COMUNICAÇÃO CORPORATIVA | 2023 349 Anuário da Comunicação Corporativa – O tema big techs está no centro das atenções, mundialmente, seja pelas demissões, pela necessidade de controle de fake news, que pode impactar a liberdade de expressão. Qual é a sua avaliação sobre as regulações pelo mundo e seus efeitos? Jochen Freese – Atualmente, o que vemos, principalmente, são efeitos geopolíticos. De acordo com relatos da mídia, o Governo dos Estados Unidos considera banir o TikTok do país, para afastar a influência da China. Já na Europa, também vemos essas considerações, mas de forma mais fraca. Alguns países já estão proibindo seus funcionários públicos de instalar o TikTok em telefones de trabalho, mais recentemente no Reino Unido. Também no Brasil há uma discussão por parte do governo para regularizar as redes sociais, principalmente por causa do ataque a autoridades públicas em 8 de janeiro deste ano. Geralmente, as estratégias implementadas pelas plataformas de mídia social para combater a desinformação e as notícias falsas podem ter implicações para a liberdade de expressão. Existe o risco de que medidas para combater tais notícias possam ser vistas como censura, principalmente se as plataformas removerem conteúdos que possam ser considerados controversos ou politicamente sensíveis. Isso pode levar a acusações de que as plataformas estão limitando a liberdade de expressão e infringindo os direitos individuais usados e​specificamente por essas partes interessadas, que fornecem informações incorretas para alimentar ainda mais o debate. Além disso, os processos de verificação de fatos e moderação usados p​ elas plataformas podem estar sujeitos a tendências, pois moderadores e algoritmos humanos podem ter seu próprio viés político ou ideológico. Isso pode resultar na remoção de conteúdo que é realmente factual, mas sinalizado como falso devido à percepção do ponto de vista. Anuário – Como as redes sociais tornaram-se fundamentais para as empresas? As oportunidades de visibilidade são maiores do que os riscos? Freese – As mídias sociais tornaram-se uma das plataformas de comunicação mais importantes para as empresas, e elas são aconselhadas a usar as mídias sociais se não quiserem correr o risco de não atingir grandes públicos e grupos- -alvo com suas mensagens. Como mostra o Digital News Report 2022 da Reuters, o uso das mídias sociais continua a aumentar em todo o mundo. No Brasil, o uso de mídias sociais elevou-se de 47% em 2013 para 64% em 2022. O YouTube é o canal mais utilizado no País para a divulgação de notícias, com 43%, vindo a seguir o WhatsApp, com 41%, e o Facebook, com 40%. As empresas precisam operar esses canais para se manterem relevantes no discurso público e precisam Risco ou oportunidade? Jochen Freese: “Quem constrói uma boa reputação nas redes sociais, e sabe como elas funcionam, posiciona-se melhor em caso de crise” ENTREVISTA Para Jochen Freese, CEO do Grupo Unicepta, com sede em Colônia, na Alemanha, não há outro caminho: “As empresas precisam operar as redes digitais para se manterem relevantes no discurso público e precisam ouvir essas conversas públicas para identificar novas tendências ou até mesmo crises emergentes para sua própria reputação”. A Unicepta, fundada em 1996, é uma das principais prestadoras de serviços de inteligência de mídia em todo o mundo e hoje tem atuação em Europa, América do Norte, América do Sul e região da Ásia-Pacífico.

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