CAPITAL INTELECTUAL Anuário da COMUNICAÇÃO CORPORATIVA | 2023 326 Como representante das empresas do setor, a Abracom (Associação Brasileira de Agências de Comunicação) mantém o Grupo de Trabalho de Recursos Humanos (GTRH), para apontar as principais dificuldades ligadas ao gerenciamento de planos de carreiras nas agências, como avaliação de desempenho, desafios para o desenvolvimento e retenção de talentos, problemas com a rotatividade de mão de obra e dificuldades para recrutamento e seleção. “É ali que sentimos o pulso do mercado em relação a seus profissionais e procuramos contribuir para o avanço dessas discussões”, pondera Daniel Bruin, presidente da entidade. A Abracom realiza com frequência sua Pesquisa de Cargos e Salários, que indica valores médios pagos pelas agências a seus funcionários e serve como base de comparação para o setor. Daniel observa, entretanto, que nem sempre as nomenclaturas adotadas expressam de forma similar as funções dos profissionais, principalmente frente à proliferação de especialistas em temas ou ferramentas antes inexistentes. “Hoje vale mais o resultado e a entrega do que o cargo”, diz. A questão é que os desenhos de estruturas das agências estão mudando, fugindo do modelo vertical e tradicional, mesmo que na prática isso seja mais factível para as agências de maior porte. “Talvez as pequenas agências não precisem mimetizar esse movimento, já que poderão encontrar seu próprio modelo dentro desse novo quadro de especialistas que fogem do padrão habitual”, diz. Muitas, inclusive, estão se tornando especializadas em determinados assuntos ou atividades, exatamente por causa desse novo cenário. Outra questão sobre a qual a associação se debruça, por exemplo, é a discussão, com as empresas clientes, sobre sua influência e exigências na definição do modelo de equipes de atendimento em concorrências – segundo ele, uma definição que compete às agências, que se transformam sozinhas frente às novas configurações e necessidades do mercado. Para atender à evolução da complexidade da demanda dos clientes nos últimos anos, o setor incorporou às equipes profissionais de digital, design, análise de dados, estatística, direito, compliance e tecnologia, por exemplo, impactando a forma de gestão das equipes e de entregas para os clientes dentro de um ambiente interdisciplinar, mais complexo e sofisticado, diz Bruin. Ele aponta ainda que já há uma discussão sobre a necessidade de alterar as estruturas tradicionais dentro das agências − baseadas na sequência dos cargos de atendimento, coordenador, gerente e diretor −, principalmente forçada por esses especialistas que estão “saindo da curva” e levam à revisão do desenho de carreiras até mesmo dentro de empresas, embora em menor intensidade. Proliferação de especialistas (*) Martha Funke é jornalista e gestora de comunicação pela ECA-USP (Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo), liderou redações como Meio & Mensagem, Padrão Editorial e Segmento Editorial. Foi assessora de relações institucionais da Editora Abril e gerente de grupo de contas em agências de comunicação. É colaboradora do Valor Econômico e deste Anuário e sócia-diretora da agência de consultoria Funke Comunicações.
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