Anuário da COMUNICAÇÃO CORPORATIVA | 2023

Anuário da COMUNICAÇÃO CORPORATIVA | 2023 311 Passados 20 anos da emissão do sinal verde para sair às compras, Andreoli parece estar prestes, finalmente, a fechar negócios. Embora assinale que a prioridade do Publicis no Brasil são aquisições nas áreas digital e de inteligência artificial, ele vem mantendo contatos com cinco companhias de perfil menos tecnológico, incluindo uma agência paulista situada na porção inferior das 50 maiores do mercado. “O modelo que propomos é o de aquisições de talentos, o talent acquisition, que garante participação nas receitas geradas pelas contas transferidas para a compradora e um certo grau de autonomia para os acionistas do negócio absorvido”, diz. Em alta no exterior, o talent acquisition não agrada, no entanto, a várias agências de comunicação brasileiras. Tal rejeição, na avaliação de Andreoli, tem relação direta com o ego dos fundadores, que querem receber por marcas que, na maioria das vezes, pouco ou nada representam para grandes grupos estrangeiros. Em razão disso, o alvo preferencial da MSL Andreoli, até o momento, é um negócio focado na área de sustentabilidade. “Vamos anunciar em breve uma aliança estratégica com uma empresa especializada em ESG”, diz Andreoli. “Eles têm interesse em nossa carteira de clientes e em expandir as suas operações pela América Latina”. Dilema estrangeiro – Surgida a partir da aquisição, em 2011, de 100% do capital da S2 Publicom pelo Interpublic, dos Estados Unidos, a Weber Shandwick Brasil também está atenta a oportunidades de mercado. A empresa, que se mantém distante das compras há cinco anos, desde o arremate do controle da agência de publicidade digital Cappuccino, mantém negociações com três empresas locais. “É grande o interesse externo pelo Brasil. Há players que querem fincar suas bandeiras no mercado local e outros dispostos a ampliar operações”, diz o CEO Zé Schiavoni. “A dúvida entre os grupos internacionais de RP, da qual compartilhamos, é a seguinte: ‘Vamos comprar no Brasil concorrentes que fazem o mesmo que nós, ou apostar em áreas complementares, como tecnologia, consultoria de negócios, desenvolvimento de softwares?’. Este é o debate presente”. Negócios de perfil mais convencional podem servir perfeitamente como marcos iniciais da entrada e do estabelecimento de agências estrangeiras no País. Seus atrativos, entretanto, são bem mais limitados para grupos internacionais já atuantes no mercado doméstico – especialmente para aqueles com ações negociadas em pregões de bolsas de valores, caso do Interpublic. “Cobranças permanentes de resultados pelos acionistas e custos operacionais elevados, como reflexo de padrões de governança e compliance muito superiores aos de empresas de capital fechado, nos obrigam a buscar opções diferenciadas de produtos e serviços, que garantam maiores margens, como marketing de influência, mídias digitais e publicidade online”, assinala Schiavoni. “Não temos, portanto, motivos para conversar com simples distribuidores de releases”. A elevação da régua de potenciais compradores e os investimentos necessários para reforçar os cardápios oferecidos ao mercado com tecnologias e ferramentas digitais representam um grande desafio para as agências nacionais. Na visão de Sabino, Andreoli e Schiavoni, a tarefa é ainda mais espinhoPaulo Andreoli, CEO da MSL Andreoli

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