Anuário da COMUNICAÇÃO CORPORATIVA | 2023 301 Carvalho. “Quando perceberam que havíamos levado um computador e um projetor para fazer uma apresentação do setor, eles disseram que nem precisaríamos ligar os aparelhos, pois sabiam muito bem o que era assessoria de imprensa”. A proximidade com a Secom garantiu ganhos concretos para o ramo de negócios representado pela entidade. Contempladas, desde 2002, com mais de 50 licitações federais específicas, as agências de comunicação viram suas perspectivas de acesso a contas públicas se multiplicar a partir de 2007. O marco decisivo foi a determinação, pela Secom, de que todos os ministérios, companhias estatais e autarquias federais não mais permitissem a subcontratação de serviços de comunicação corporativa, seguindo a orientação do acórdão 2062/2006 do TCU (Tribunal de Contas da União). “Os contratos ‘guarda-chuva’, que permitiam às agências de publicidade subcontratar inúmeros serviços, inclusive de comunicação, começavam, enfim, a sair de cena”, diz Schiavoni, que, no entanto, tinha de ficar atento às licitações realizadas na esfera federal. “Entre 2006 e 2007, denunciamos duas licitações para serviços de comunicação corporativa – uma do Ministério dos Transportes, outra da Casa Civil do Governo Federal – que foram vencidas por uma construtora e uma papelaria”. Encerrada em abril de 2008, a gestão de Schiavoni deixou três grandes legados para a Abracom. Além de consolidar seu prestígio junto aos setores privado e público, a entidade – na contramão de malsucedidas experiências de organizações similares no passado – conquistara de vez a confiança de seu principal público, as agências de comunicação. A prova cabal era o quadro de associadas, que contabilizava 285 CNPJs no início de 2008, 70% a mais do que o total atual. “A queda foi resultado das fusões e aquisições, da crise econômica na década passada e, também, do fim de muitas das chamadas ‘eugências’, tocadas por autônomos”, diz Schiavoni, que guarda só um desapontamento de seus quatro anos à frente da Abracom. “Tentamos criar, em parceria com a USP (Universidade de São Paulo), o Laboratório Agência de Comunicação, o LAC, voltado à formação de profissionais para as agências, mas o projeto não decolou. Se tivéssemos optado por uma instituição de ensino privada, mais ágil, talvez a história fosse outra”. Herdeiro da cadeira presidencial, Ciro Dias Reis, fundador e CEO da Imagem Corporativa, expandiu, de forma literal, os horizontes da entidade. Sete meses após a posse, ele garantiu à Abracom o status de primeira associação nacional de comunicação corporativa e RP da América Latina a integrar os quadros da prestigiosa ICCO (International Communications Consultancy Organisation), que reúne organizações representantes de mais de 3 mil agências em 70 nações de cinco continentes. A ação foi, na prática, uma extensão da fórmula adotada por Reis em sua própria empresa, que havia se vinculado, em 2007, à PROI (Public Relations Organisation Internacional Worldwide), rede composta por 87 agências independentes de 56 países. “A adesão à ICCO estimulou o mercado local a dedicar mais atenção a novas tendências internacionais, que, cedo ou tarde, chegam aqui”, diz Reis. “O objetivo foi alcançado, como comprovam as filiações de agências brasileiras a redes internacionais nos últimos 15 anos”. A principal meta dessa investida, no entanto, ficou no papel. A ideia de Reis era viabilizar a certificação das associadas da Abracom pelas Normas de Gestão de Consultoria (CMS, no acrônimo em inglês), criadas em 1997 pela britânica PRCA (Public Relations and Communications Association) especialmente para a ICCO. “O projeto, que iria custar uma baba, não teve grande repercussão à época, talvez por falta de maturidade do setor”, diz Reis. “A Abracom, contudo, teve o mérito de colocar o tema em debate entre as agências e se prepara agora, finalmente, para tornar a certificação uma realidade”. O leque de serviços da entidade seguiu a ganhar reforços. Em 2008, por exemplo, foi realizada a primeira pesquisa de cargos, salários e benefícios do setor de comunicação corporativa, cujos resultados passaram a balizar as políticas de recursos humanos das agências. Para ampliar o repertório das associadas, a Abracom promoveu, em 2009 e no ano seguinte, o Curso de Educação Continuada em Gestão para Empresas da Comunicação, desenvolvido sob encomenda pela Fundação Dom Cabral, de Belo Horizonte. Com quatro módulos de 16 horas de duração, o programa de capacitação abordava quatro vertentes: liderança no século XXI, orientação para o mercado, inovação para a competitividade e construção de resultados sustentáveis. “Cerca de 30 agências participaram das duas edições do curso”, diz Reis. “O custo elevado,
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