Anuário da COMUNICAÇÃO CORPORATIVA | 2023

ABRACOM, 20 ANOS Anuário da COMUNICAÇÃO CORPORATIVA | 2023 300 A desconfiança batia à porta da Abracom, que promoveu naquela mesma data, Dia dos Namorados, uma tensa reunião extraordinária de diretoria, convocada às pressas. Cobrado por seus pares, Rodarte negou categoricamente qualquer contato com a Secom posterior à reunião com Flora, em Brasília. Prontificou-se ainda a retirar a CDN da disputa, proposta rejeitada pelos demais dirigentes, e assumiu o compromisso de esclarecer todas as dúvidas referentes à concorrência. Prometeu e cumpriu. Em agosto, em encontro realizado no auditório de um hotel em São Paulo, o empresário apresentou a mais de cem representantes de agências, incluindo várias não filiadas à Abracom, os orçamentos analisados pela Secom, dos quais o da CDN era o menor. Respondeu ainda a todas as perguntas da plateia. Indagado, por exemplo, sobre as razões que levaram a direção da entidade a não abrir a concorrência para todos os associados, observou que o prazo exíguo estabelecido pela Secom inviabilizava um concurso mais amplo. “Sempre lidei com crises de forma diplomática e absolutamente transparente – postura que contribuiu, inclusive, para a escolha do meu nome para a Presidência da Abracom. Daquela vez não foi diferente”, diz Rodarte. Apesar dos solavancos, a entidade saiu fortalecida do incidente. O quadro de associadas, que recuou para 40 e poucas logo após a publicação da nota na Folha de S.Paulo, não só recuperou as perdas como passou a receber reforços crescentes. No fim de 2003, a casa somava cerca de cem filiadas. “A transparência com que Rodarte lidou com a crise teve enorme repercussão no mercado. Desde então, a Abracom começou a crescer de forma consistente”, diz Carvalho. Três outros feitos marcaram a gestão de Rodarte. Em 2003, a Abracom, tomando como referência o seu quadro de associadas, divulgou o primeiro levantamento do setor, realizado pelo Escritório de Pesquisa Eugênia Paesani, segundo o qual pequenos e médios negócios (com receitas anuais de até R$ 5 milhões) respondiam por 84% do universo. Os fechos de ouro, no mesmo ano, foram as apresentações do Código de Ética e do Comitê de Ética. Em abril de 2004, o fundador da CDN passou o bastão, embora tivesse o direito de permanecer por mais dois anos à frente da entidade. “Quando aceitei o convite para presidir a Abracom, em 2002, me comprometi com apenas um mandato. Cumpri a missão à risca: compareci a todas as reuniões de diretoria e visitas institucionais”, diz ele. “O saldo foi positivo: o setor ganhou visibilidade, iniciamos negociações para garantir acesso às licitações públicas e a Abracom, em seus dois primeiros anos de atividade, já reunia algo em torno de 120 filiadas. Uma das raras frustrações foi o projeto de contratação de planos de saúde e previdência privada para as associadas, que não decolou”. A montagem da segunda diretoria da casa deu trabalho. Rosana Monteiro e Mauro Lopes, presidente da MVL Comunicação, os nomes preferidos da cúpula para a sucessão, não aceitaram encabeçar a chapa única Consenso. A bola sobrou para Zé Schiavoni, da S2 Comunicação, que havia mostrado serviço como diretor de Expansão e Mobilização, conseguindo dobrar o quadro de associadas em dois anos. Assim que assumiu a Presidência, ele seguiu na mesma toada. “A Abracom, que já contava com um posto avançado no Sul do País, ganhou atuação efetivamente nacional a partir de 2004, com a abertura de três novas diretorias regionais: Norte/Nordeste, Sudeste e Centro Oeste”, diz Schiavoni. “O processo de expansão teve sequência, na década de 2010, com a criação de seis regionais estaduais, incluindo Pernambuco, Bahia e Minas Gerais”. Com o atendimento às associadas já devidamente estruturado, a entidade passou a mirar na conquista de novos públicos e clientes para o setor. Na primeira das duas gestões de Schiavoni, foram lançados os volumes inaugurais da coleção Cadernos de Comunicação Organizacional: Como escolher uma agência de comunicação? (2004) e Comunicar é preciso – Como ONGs podem se comunicar melhor com a imprensa (2005). No mesmo período, a Abracom, com o apoio de uma consultoria jurídica, dedicou-se ao desenvolvimento de um modelo de edital de licitação pública. O projeto se tornaria um trunfo valioso da Diretoria de Assuntos Institucionais do Segmento Público, criada em 2004, que estabeleceu um diálogo intenso com a Secom a partir de 2007, quando o órgão federal passou a ser comandado por Franklin Martins, tendo como secretário adjunto o também jornalista Ottoni Guimarães Fernandes Junior (1946-2012). “A postura mais aberta da Secom em relação às agências de comunicação ficou patente logo na primeira reunião com Franklin e Ottoni”, conta

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