Anuário da COMUNICAÇÃO CORPORATIVA | 2023

Anuário da COMUNICAÇÃO CORPORATIVA | 2023 299 pois pensava que a classe seria formada por empresários, não por jornalistas”, conta Gisele. “Muitos donos de agências, em particular aqueles com formação em jornalismo, consideravam uma ofensa ser chamados de empresários, pois eram contra o capital. Hoje a situação é outra: são raros aqueles que não se consideram empresários”. A estratégia de aproximação com o Executivo Federal, uma das prioridades da Abracom, começou a ser executada com uma visita de caráter meramente institucional à Secom-Presidência da República (Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República), em dezembro de 2002, no apagar das luzes da segunda gestão do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Quatro meses depois, no início da primeira das três passagens de Luiz Inácio Lula da Silva pelo Palácio do Planalto, Rodarte e seus colegas de diretoria voltaram à Secom para defender, com unhas e dentes, a abertura de espaço para a contratação de agências de comunicação pelo Governo Federal. O esforço foi recompensado: o secretário-adjunto Marcos Vinícius Di Flora propôs uma concorrência informal para a divulgação, a toque de caixa, da proposta de reforma da Previdência do governo, envolvendo apenas as empresas dos cinco dirigentes da Abracom presentes ao encontro. “Flora comprometeu-se a indicar a contratação, pela agência de publicidade que era titular da conta do Executivo Federal, da agência escolhida pela Secom para aquela ação específica”, explica o jornalista Carlos Henrique Carvalho, à época secretário-executivo da Abracom. Na prática, a proposta representava apenas um teste de caráter limitado. Como, no entanto, a oferta caíra do céu, de forma absolutamente inesperada, a cúpula da Abracom comemorou, com razão, a abertura da primeira brecha em contas públicas na esfera federal para o segmento. O que ninguém esperava é que o episódio daria origem, logo na sequência, à primeira e maior crise na história da entidade. O pivô foi a divulgação, pela Folha de S.Paulo, em 12 de junho, de nota, na coluna de Mônica Bergamo, sobre as negociações “avançadas” da Secom com a CDN, de Rodarte, para a contratação, “sem licitação”, de uma agência de comunicação encarregada de “tentar convencer jornalistas e editorialistas de rádio, TV, jornais e revistas a divulgarem notícias favoráveis à reforma da Previdência”. “A nota, tudo indica, foi plantada por uma agência descontente com os rumos da concorrência, que seria, de fato, vencida pela CDN”, diz Carvalho. Abracom celebra o primeiro aniversário, em 2003: entidade somava cerca de cem filiadas

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