Anuário da COMUNICAÇÃO CORPORATIVA | 2023

ABRACOM, 20 ANOS Anuário da COMUNICAÇÃO CORPORATIVA | 2023 298 boas relações com pequenas e médias agências, cultivadas ao longo da passagem pela diretoria do Sinco, que abriam perspectivas de expansão para a nova entidade, cuja constituição era conduzida apenas por empresas de maior porte. Rosana, contudo, recusou o convite para assumir a Presidência. Com isso, abriu-se um vácuo. Ribeiro propôs, então, em reunião, que fosse convidado para ser o primeiro presidente da entidade o comandante da maior empresa do setor à época, João Rodarte, da CDN. Ele o fez, a bem da verdade, sem muita convicção, porque Rodarte nunca tinha ido a qualquer reunião e deveria ter uma agenda concorridíssima, como líder, para aceitar a incumbência. Participando do mesmo encontro, Luiz Lanzetta, membro do board da CDN, ofereceu-se para apresentar o convite e observou que eram grandes as chances de a resposta ser positiva. Bingo. Fundador e presidente da CDN, à época com receitais anuais por volta de R$ 16 milhões anuais, Rodarte aceitou. A própria Rosana endossou inteiramente a escolha: “Na minha visão, o primeiro presidente deveria ter contatos com o poder central, em Brasília, pois uma das principais metas da Abracom era abrir espaço às agências em licitações públicas, até então fora do alcance do setor”, diz ela. “João tinha, sem dúvida, o perfil ideal”. Detalhe: sem recursos, os primeiros passos na organização da nova entidade foram custeados por uma vaquinha entre os pioneiros, que doaram uma quantia durante alguns meses, até que a entidade fosse oficialmente aberta e começasse a gerar sua própria receita. E aqui é importante reconhecer um outro personagem importante na condução desse processo: o executivo Oswaldo Braglia Jr., falecido em decorrência da Covid-19, que esteve presente em todo o ciclo preparatório; Oswaldo era da Jornalistas Editora e atuou por vários anos no Sindicato dos Jornalistas de São Paulo. Feitos os ajustes, a Abracom surgiu, oficialmente, em 17 abril de 2002, com o objetivo de representar as então estimadas 400 empresas cujas receitas totais, possivelmente, fossem algo como R$ 100 milhões. A entidade, que somava cerca de 55 associadas na largada, contava com representantes de 12 agências em sua primeira diretoria, além de Eduardo Ribeiro, da Mega Brasil, responsável pela Secretaria-Geral. Duas das primeiras iniciativas do comando da novata foram visitas a redações de veículos de comunicação – em busca de uma aproximação com editores e repórteres, que, em sua maioria, encaravam assessores de imprensa e profissionais de RP como “advogados de defesa” das empresas –, e a promoção de cursos para as filiadas. “As agências de menor porte tinham práticas muito precárias de gestão, formação de preços, administração e treinamento”, diz Rodarte. “Passamos, então, a promover cursos de capacitação voltados a esse público. É um trabalho importante que a Abracom desenvolve até hoje”. Titular à época da Diretoria de Capacitação, Gisele Lorenzetti, CEO da LVBA Comunicação, teve de se desdobrar para levar a cabo sua missão. As associadas manifestavam interesse em se aperfeiçoar em temas operacionais, ligados ao cardápio de serviços, como assessoria de imprensa, relações institucionais, comunicação interna etc., mas ela se manteve firme no propósito de qualificar gestores. Como resultado, enfrentou até mesmo uma “rebelião” em um dos primeiros cursos: durante uma aula sobre contabilidade de custos, alguns alunos disseram, em alto e bom som, que, como jornalistas, não tinham interesse em lidar com planilhas e números. “O professor, um consultor de primeira linha, acabou rapidamente com o motim: pediu desculpas e disse que não devia ter entendido o briefing, Eduardo Ribeiro, secretário-geral de 2002 a 2004

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