Anuário da COMUNICAÇÃO CORPORATIVA | 2023 297 A sugestão, que vingaria, como veremos adiante, veio acompanhada por alguns conselhos. O principal: não incorrer nos mesmos erros cometidos por outras organizações do segmento, surgidas entre os anos 1960 e 80, casos da ABRP (Associação Brasileira de Relações Públicas), da Aberp (Associação Brasileira das Empresas de Relações Públicas), da Aneci (Associação Nacional das Empresas de Assessoria de Imprensa e Comunicação Social) e da Abec (Associação Brasileira das Empresas de Comunicação). Baseadas em trabalho voluntário e sem contar com sedes fixas (os QGs eram instalados nos escritórios dos presidentes de plantão), as três siglas tinham perfis corporativos, transitando nas mesmas faixas do Sistema Conferp-Conrerp (Conselhos Federal e Regionais de Profissionais de Relações Públicas) e dos Sindicatos de Jornalistas. “Para dar certo, observei à época, uma nova entidade teria de representar somente interesses empresariais, contar com os grandes nomes do setor e ser profissionalizada, o que não havia ocorrido no passado”, lembra Ribeiro. Acatado por Lanzetta e Trindade, o receituário logo ganhou novos adeptos. Se antes, como reza um chiste recorrente no meio, empresários e executivos do segmento trocavam de calçada quando avistavam um concorrente na rua, a turma passou a se sentar à mesa para debater a proposta de interesse coletivo. A primeira reunião, um jantar promovido por Ribeiro, contou com seis participantes. Na segunda, foram 18, depois 60… A ideia, enfim, fora abraçada. “Realizamos encontros na Mega Brasil e nas sedes de algumas empresas envolvidas no projeto, casos de CDN e In Press”, conta Ribeiro. “O combinado era reunir pessoal graúdo, que estivesse na ponta dos cascos e, além de tudo, tivesse bom astral. Não queríamos saber de chorões”. Já com o bonde andando, era preciso definir o ramo de atividade que seria representado pela entidade em gestação. A tarefa demandava consenso entre negócios comandados por jornalistas, mais focados em assessoria de imprensa, e profissionais de relações públicas (RPs), que tinham lá suas diferenças. Os egos presentes à primeira reunião do grupo encarregado da questão da identidade, contudo, foram domados por Rosana Monteiro, sócia-diretora da Ketchum Estratégia e diretora do Sinco (Sindicato Nacional das Empresas de Comunicação Social). “De início, pedi aos colegas que colocassem na mesa seus cartões de apresentação e anotei numa lousa as especialidades descritas nas credenciais”, conta ela. “O leque era amplo: agências de comunicação corporativa, consultorias de comunicação, assessorias de imprensa, agências de relações públicas, empresas de comunicação social, de comunicação organizacional etc”. O debate sobre uma nomenclatura única para o setor durou três horas. Longe de ser unanimidade, a tese recebeu críticas de alguns participantes. O argumento de Rosana de que muitos “sobrenomes” só confundiriam o mercado e seriam interpretados como sinal de fraqueza, no entanto, prevaleceu. Partiu dela, inclusive, a solução acatada no encontro. “Concordamos que a expressão ‘agência de comunicação’ nos definiria melhor”, diz ela. “A partir daí, ficou fácil a escolha do nome da entidade: Associação Brasileira das Agências de Comunicação, Abracom”. A habilidade e a liderança demonstradas por Rosana no episódio impressionaram seus pares. Não por acaso, ela se tornou, no início de 2002, a franca favorita para chefiar a primeira diretoria da Abracom. Contavam pontos a seu favor ainda as Rosana Monteiro, primeira vice-presidente de 2002 a 2010
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