COMUNICAÇÃO PÚBLICA Anuário da COMUNICAÇÃO CORPORATIVA | 2023 286 manipula essa informação, de má-fé, para proveito de seus próprios interesses”. Patrícia Marins, da Abracom, ressalta que os contratos e a relação cotidiana das agências com clientes do setor público “devem ser pautados pela busca de maior transparência, de promoção de diálogo com a sociedade e de priorização do interesse público nas ações de comunicação. E as agências podem contribuir com esse processo porque estão acostumadas a dialogar com todos os públicos de seus clientes. E tudo isso deve ser feito em parceria com os servidores de carreira e as estruturas internas dos órgãos públicos”. Para a ABCPública, a inexistência de uma carreira de Estado para a comunicação e os concursos cada vez mais raros na área dificultam a disseminação de cultura de comunicação pública. “Defendemos essa carreira justamente para viabilizar uma visão de Estado, que entenda a comunicação como uma política pública, com objetivos e estratégias de longo prazo. Isso significa ter um corpo técnico estável, que não seja totalmente substituído a cada final de mandato ou de contrato”, diz Cláudia Lemos. Ela cita, como exemplo, o caso das joias apreendidas pela Receita Federal: “Uma carreira com estabilidade garante um corpo técnico que não se dobre e tenha condição de barrar ilegalidades, como vimos recentemente no caso das joias na Receita Federal”. Além disso, na visão da ABCPública, as provas de concursos precisam ser formuladas para favorecer o perfil profissional que se busca, não podem ser meramente um requisito burocrático: “Depois, é preciso ter uma política de gestão de pessoas que favoreça a formação continuada do profissional naquela instituição e a renovação, por meio de novos concursos realizados periodicamente. Por fim, a equipe interna precisa ter acesso a recursos por meio de contratações de empresas especializadas”. Embora as entidades que representam as agências afirmem que suas filiadas estão aptas a colaborar com as estratégias e políticas de comunicação do governo, a visão da ABCPública vai em outra direção. Segundo Lemos, “as agências e outros prestadores de serviços especializados podem ser um apoio muito importante, quando contratadas corretamente e desde que não se imagine que elas serão as responsáveis pela formulação das políticas públicas. Não serão, não é o papel delas. Essa é uma tarefa que cabe aos servidores públicos, atuando em conjunto com aqueles que foram eleitos com essa missão. Da mesma maneira, não é realista, nem eficaz, pensar em atribuir todas as tarefas técnicas aos servidores públicos”. Relações governamentais – Diálogo é a palavra mais citada nas entrevistas feitas para esta matéria. Ministro, empresários, representantes de entidades foram praticamente unânimes ao apontar que os novos tempos da comunicação pública abrem espaço para uma atividade essencial da Democracia, as relações institucionais e governamentais, em que associações, grupos de pressão, ONGs, entidades empresariais e afins levam ao governo suas pautas. Bernardo Brandão, sócio-fundador da DGBB Comunicação, empresa que tem em seu portfólio de clientes várias entidades empresariais, lembra que “já ficou claro um esforço maior de diálogo com a sociedade. E as associações que representamos, especialmente nas áreas de energia, saúde e educação, estão buscando conversar com o novo governo, principalmente em temas sensíveis no Congresso Nacional. A gente já vê um esforço muito grande para Cláudia Lemos, presidente da ABCPública (Associação Brasileira de Comunicação Pública)
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