Anuário da COMUNICAÇÃO CORPORATIVA | 2023 285 líticos para o investimento em relações públicas. Segundo Sabino, “o cenário melhorou muito. Não atingimos o nível ideal de compreensão dos gestores do quanto o PR pode ajudar, mas avançou bastante. Temos notícias de governantes mais sensíveis a essas ferramentas e determinados a ter bons contratos de comunicação corporativa para dar suporte a seus planos de governo e à implementação e divulgação das políticas públicas”. É também o que pensa Michel Rodrigues, da Savannah. Para ele, “o aumento do consumo de conteúdo é um estímulo para que as marcas e governos preparem-se para oferecer informações mais qualificadas”, prática que, segundo diz, “é também parte da estratégia para combater fake news”, outro dos temas destacados na entrevista do ministro Paulo Pimenta ao Anuário. No setor de digital, as perspectivas também são boas. Segundo Carolina Morales, “a digitalização do mundo moderno obrigou os órgãos públicos a ofertarem serviços e informações por novos meios. É difícil encontrar, hoje, uma prefeitura, secretaria ou ministério que não tenha um site e redes sociais atualizados diariamente por uma assessoria de comunicação. O que percebemos é que pequenos órgãos estão mais favoráveis à contratação de comunicação digital do que de publicidade e propaganda. E os médios e grandes terão os dois contratos, utilizando o segundo para as campanhas sazonais e o primeiro para a comunicação do dia a dia. Vejamos a relação custo-benefício da opção pelo contrato de comunicação digital. Na publicidade, por exemplo, um órgão que possui R$ 1 milhão dificilmente fará, em um ano, mais do que duas campanhas. Dentro dessa verba, é preciso contratar produtoras de áudio e vídeo, a agência de publicidade e todos os veículos de comunicação necessários, como TV, rádio, internet. Já na agência digital, ou comunicação digital periódica, com o mesmo montante, por ano, o órgão consegue fazer produção de conteúdo para site e redes sociais, incluindo vídeos, interação com o cidadão, monitoramento, entre outros serviços, que podem ser consultados no Guia de Valores Produtos e Serviços Digitais da Abradi.” Comunicação política – O avanço da comunicação corporativa nos governos traz à tona uma questão historicamente mal resolvida. De um lado, um conceito de comunicação pública ligado à ideia de prestação de contas, atendimento à população e transparência da gestão. E de outro, a comunicação de governo, ou política, que atende a objetivos mais imediatos dos gestores, de olho em resultados para viabilizar projetos eleitorais. Para Cláudia Lemos, presidente da ABCPública (Associação Brasileira de Comunicação Pública), entidade que reúne profissionais que atuam no setor, “essa mistura nunca vai ser completamente resolvida. Vamos precisar mostrar na prática, sempre e a cada dia, a diferença entre o público e o partidário, entre o interesse do cidadão e o corporativismo, entre o que funciona, porque interessa ao usuário do serviço, e o que é desperdício de recursos, propaganda inócua. Digo isso considerando a boa-fé de quem chega ao governo sem essa vivência. Porque também precisamos estar vigilantes para defender a Democracia e o interesse público diante de quem tem o dever constitucional de oferecer informação aos cidadãos, mas Daniel Bruin, presidente da Abracom (Associação Brasileira das Agências de Comunicação)
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