Anuário da COMUNICAÇÃO CORPORATIVA | 2023

Anuário da COMUNICAÇÃO CORPORATIVA | 2023 277 muitas tratem essas atividades como uma caixa preta da indústria da aviação. Carina Almeida vê coisas interessantes nos estudos americanos, como fazer rankings e gerar dados. Menciona o ICM (Institute for Crisis Management) e observa que as crises migraram dos fatores físicos para o terreno do comportamento, como assédio, preconceito, denúncias de funcionários. Fundado em 1990, o ICM publica relatório anual com um panorama das crises que ocorrem em diversos países. Traz também os motivos para elas: valores que configuram o momento atual, quando a sociedade reage com mais alarde a determinadas atitudes das corporações, ao ponto de afetar sua reputação. De posse desses dados, é possível atuar na prevenção por incidência de crises com alguma precisão estatística. Separam-se as crises graves, de que tratamos aqui, daquelas mais simples. O gráfico do ICM, apesar de se referir aos dados internacionais, oferece uma boa ideia, pela incidência da repercussão, do que pode ser considerado grave ou fazendo parte da operação no cotidiano das empresas. “Podemos dizer que há grande influência das lições que europeus e americanos tiveram ao longo da história de crises reputacionais e da forma como foram tratadas. Alguns exemplos são tomados como base e estudados pelos profissionais para análise e aplicação em casos atuais”. Marci Ducat cita o caso do medicamento Tylenol nos anos 1980, quando a Johnson&Johnson administrou de forma exemplar o recall do produto e, ao final do processo, reafirmou seus valores. Alguns cases emblemáticos continuarão a orientar o preparo dos gestores hoje e amanhã. Carina Almeida ressalta que crise é uma disciplina que tem crescido muito nos últimos dois anos, como fruto da hipertransparência com que as marcas precisam conviver atualmente. Sua agência, a Textual, tem ampliado a atuação nessa área, chamada por empresas que não são clientes permanentes, o que denota maior preocupação das companhias em ter muitas ferramentas e olhares diversos, preparando-se para uma eventualidade. Também a Danthi faz treinamentos, não apenas para seus clientes, como sob demanda. Cristina Alves lembra a atual velocidade da informação como um condicionante da atividade: “A resposta hoje da sociedade é muito rápida e isso precisa ser considerado no processo de construção e manutenção da reputação”. Na Máquina CW, Rosa Vanzella define o cenário em que gestores terão de atuar daqui para a frente: “A sociedade não aceita soluções vazias, que ficam apenas no discurso e não são acompanhadas de medidas efetivas. A sociedade cobra cada vez mais uma postura transparente, coerente e consistente das marcas, das empresas, do mercado”. “A tecnologia e a gestão de dados têm sido aliadas importantíssimas. Com ferramentas, metodologias preditivas e business intelligence, conseguimos ajudar os clientes a estar mais preparados para os desafios crescentes de imagem e reputação, em um mundo marcado por volatilidade, incertezas e complexidade”, diz Cleber Martins, da GBR. (*) Cristina Vaz de Carvalho é jornalista formada em Comunicação Social pela PUC-Rio com cursos de extensão na FGV (Fundação Getulio Vargas). Desempenhou funções no jornalismo, na publicidade e nas relações públicas, às vezes simultaneamente. Foi gerente de planejamento da AAB/Ogilvy. É editora regional para o Rio de Janeiro da newsletter Jornalistas&Cia desde 1996.

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