Anuário da COMUNICAÇÃO CORPORATIVA | 2023 266 REPUTAÇÃO E GESTÃO DE CRISE no fornecedor Boeing. Assim também na Vale, que, após o rompimento da barragem de Brumadinho, em 2019, montou em Nova Lima, centro bem desenvolvido e distante cerca de 70 km do local da tragédia, um setor responsável por comunicação de crises. Em certos casos, a crise extrapola uma organização e atinge todo o segmento. Tivemos este ano a questão do trabalho escravo em vinícolas do Sul. Denise Carvalho lembra a questão indígena, que começou como um tema político, evoluiu para o garimpo ilegal e respingou em toda a cadeia de compra de ouro e produção de joias. Um joalheiro tradicional e respeitado – setor em geral muito low profile – preparou-se para enfrentar o que poderia vir a impactar a própria imagem abrindo uma concorrência entre agências para prevenção de crises. Três concessões de rodovias integram a carteira de Anaí Nabuco: “São organismos vivos 24 horas por dia, onde tudo pode acontecer”, e é preciso estar preparado. Para isso, a agência faz semanalmente reuniões de pauta para identificar pontos sensíveis, como, por exemplo, na época das chuvas, onde houve problemas de enchentes e deslizamentos no passado. Nem sempre são grandes crises, mas pequenas crises, frequentes nos transportes e na mobilidade, que também devem ser tratadas com prevenção, desde o lançamento do empreendimento ou início da concessão. Nem todos, porém, seguem o parâmetro da prevenção, e as agências são eventualmente chamadas para resolver fatos consumados. “Depende do momento”, diz Denise. “Quando a crise já está instaurada, a única saída possível é montar um quartel-general”. Muitas vezes, a gestão do negócio em si poderia ser reavaliada. Cleinaldo Simões, fundador da Cleinaldo Simões Assessoria define: “Boa parte do que se qualifica como crise não é crise, mas contingência do negócio”. E cita como exemplo os terremotos: em qualquer lugar do mundo, isso é uma contingência de viver sobre placas tectônicas, e os danos resultam de construções mal calculadas, sem levar em conta esse fator. Ele sugere planos de contingência, ou estratégias para adaptar o modelo de negócios pré-crise, para garantir sua sobrevivência. J.J. Forni completa: “Não esquecer que a crise não é só um problema da empresa. É um acontecimento social, que implica prejuízo, transtornos, risco de vida e de futuro para muitas pessoas”. O papel do consultor – “Navegar em mar calmo é mais fácil, mas é quando vem a tormenta que Fernanda Bianchini, gerente executiva de Comunicação da Petrobras Mariana Scalzo, diretora de Comunicação Corporativa da Divisão Brasil da Arcos Dorados/McDonald’s
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