Anuário da COMUNICAÇÃO CORPORATIVA | 2023 241 Responsabilidade social, vantagem competitiva, aumento de criatividade, ampliação de mercado, melhoria de imagem, redução de conflitos, inovação, justiça. Motivos não faltam para a adoção, no âmbito corporativo, de uma agenda com foco em Diversidade, Equidade e Inclusão, ou DEI, sigla que tem ajudado a popularizar esse conceito, que já não é tão novo assim. Ações concretas em relação ao tema surgiram ainda na década de 1960, nos Estados Unidos, como uma cobrança de grupos excluídos, especialmente na luta contra a homofobia, o machismo e o racismo. No Brasil, porém, apenas no início dos anos 1990 a discussão começou a ganhar alguma força. A primeira virada de chave veio através de decisões legais, como as criações das leis do Racismo, de 1989, que previa a punição de todo tipo de discriminação ou preconceito, seja de origem, raça, sexo, cor ou idade, e a de Cotas, de 1991, que destinava de 2% a 5% do quadro profissional de empresas com 100 ou mais colaboradores a pessoas com deficiência. Além disso, em 1990 a OMS (Organização Mundial da Saúde) excluiu a homossexualidade do seu catálogo de doenças. O avanço da tecnologia e a popularização da internet, nos anos seguintes, ajudaram a encurtar distâncias e ampliar o conhecimento, enquanto as redes sociais abriram espaço para o surgimento de comunidades unidas em torno de ideais e realidades em comum. Questões relevantes para a sociedade brasileira passaram a ser observadas com mais atenção, algo imprescindível para um país tradicionalmente machista e com uma dívida histórica de mais de 400 anos com cerca de 56% de sua população. Novos atores, até então sub-representados, ganharam espaço no debate público para ampliar suas vozes e demandas, gerando maior cobrança sobre a sociedade, governo e empresas por posturas menos excludentes e discriminatórias. No âmbito empresarial, as grandes corporações, em especial as multinacionais, a partir de suas matrizes, tiveram papel importante para trazer políticas de diversidade mais concretas, ainda que muito pontuais, geralmente ligadas a datas comemorativas, e em um ritmo ainda lento. Nos últimos anos, porém, um fenômeno foi primordial para essa mudança. As práticas ESG (sigla em inglês para Ambiental, Social e Governamental) jogaram nova luz nas discussões sobre diversidade, equidade e inclusão, que finalmente ganharam algum espaço na estratégia corporativa. “As empresas passaram a compreender seus papéis sociais e os impactos que geram não apenas internamente, mas externamente”, explica Janaina Gama, head de Educação Corporativa e Consultora de D&I Sênior na Mais Diversidade, e professora do Programa de Diversidade da Escola Aberje de Comunicação. “Temos visto avanços na implementação de programas de diversidade e inclusão, bem como na criação de áreas para coordenar e na contratação de profissionais para atuar nelas. A cobrança externa também ajuda nesse sentido, como pressões de investidores e de público consumidor”. Janaina Gama, head de Educação Corporativa e Consultora de D&I Sênior na Mais Diversidade e professora do Programa de Diversidade da Escola Aberje de Comunicação
RkJQdWJsaXNoZXIy NDU0Njk=