RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL Anuário da COMUNICAÇÃO CORPORATIVA | 2023 238 Letramento reduzido – O ainda escasso conhecimento das corporações nativas no tema foi comprovado por pesquisa realizada há dois anos pela consultoria de marketing Percepta. O trabalho detectou, com base em análise léxica, que menos da metade dos conteúdos sobre iniciativas ambientais (42%) e sociais (38%) divulgados nos sites de 120 grandes empresas, das quais 80% faziam menções de caráter ESG, apresentavam teores devidamente fundamentados no trinômio. Nas redes sociais, a superficialidade era absoluta: de um total de 13,7 mil posts inseridos pelo mesmo grupo em Facebook, LinkedIn e Twitter, só 25% seriam endossados por especialistas em sustentabilidade. “A argumentação pobre reflete, em muitos casos, a carência de orçamentos e de profissionais especializados para a divulgação adequada de ações e políticas sustentáveis”, diz Victor Olszenski, sócio-fundador da Percepta, que já projeta para o próximo levantamento, previsto para o segundo semestre, mudanças significativas nas agendas corporativas relativas ao ESG. “A atenção ao pilar ambiental vem se solidificando e as pautas sociais, como inclusão e diversidade, começam a ser mais valorizadas pelas empresas. Só o ‘G’, de governança, ainda não desperta maiores atenções, até porque é a perna do trinômio menos compreendida pela sociedade”. A separação do joio do trigo, ou melhor, do ESG de “maquiagens” e “lavagens” sustentáveis, é um objetivo da Boxnet, que tem origem na antiga Maxpress, hoje I’Max. Há 21 anos no mercado, a empresa paulista conta com uma controlada, a startup Data Sense, que desenvolveu um índice, o PIM, para mensurar os reais avanços corporativos na seara ESG – nos mesmos moldes do Índice Boxnet, voltado à análise da exposição na mídia dos clientes da casa. “Há muitas informações no mercado sobre iniciativas e ações sustentáveis, mas, em sua maioria, as fontes são as próprias empresas envolvidas nesses projetos”, diz Marcelo José Molnar, sócio-diretor da Boxnet. “Nossa intenção é medir os hiatos entre as intenções anunciadas e o que, de fato, foi feito”. Baseado em dados das mil maiores sociedades anônimas brasileiras, inclusive aquelas sem ações negociadas na bolsa de valores, o PIM contemplará com índices específicos, de início, oito setores econômicos, entre os quais varejo, bancário, farmacêutico e de seguros. As notas serão dosadas de acordo com perspectivas políticas e econômicas de cada ramo de atividade. “O produto está praticamente pronto, mas o seu cronograma de lançamento foi adiado em razão da súbita morte, em fevereiro, de Décio Paes Manso, fundador da Maxpress e da Boxnet, que era o pai da criança”, diz Molnar. “No momento, estamos realizando os ajustes finais e redefinindo a estratégia de apresentação ao mercado, que poderá ocorrer no fim do segundo semestre”. (*) Dario Palhares é jornalista formado pela Universidade Metodista de São Paulo e acumula, em quase 40 anos de trajetória profissional, passagens por importantes veículos, casos de O Globo, Folha de S.Paulo, Exame e A Tribuna (Santos), e em comunicação corporativa. Autor de livros e artista plástico nas horas vagas, dedica-se atualmente à produção de conteúdos e ao desenvolvimento de projetos de memória corporativa e esportiva.
RkJQdWJsaXNoZXIy NDU0Njk=