Anuário da COMUNICAÇÃO CORPORATIVA | 2023 237 ramente dedicado ao respeito aos direitos humanos. Entre outros itens, ele condena “qualquer discriminação em função de origem, etnia, religião, gênero, identidade de gênero, posicionamento político, condição social ou econômica, característica física ou deficiência, condição de ser portador ou portadora de HIV”. Composta por cerca de 50 profissionais, a equipe da casa já é bem diversa em relação a gênero, com 64,6% de mulheres cisgênero, mas ainda tem de avançar, como reconheceu o Impacto Report 2020-2021, em relação às etnias, já que pretos e pardos respondem atualmente por apenas 1,5% e 9,2%, respectivamente, do quadro de pessoal. “Há tempos realizamos reuniões semestrais com a equipe para a apresentação de números, estratégias e metas. Mas, como em casa de ferreiro o espeto sempre é de pau, só começamos a publicar relatórios próprios em 2018”, diz o sócio- -fundador Estevam Pereira, que prepara a divulgação de dados sobre emissões, energia e resíduos para o balanço a ser lançado neste ano. Desde a origem, o Grupo Report tem critérios para a seleção de interessados em contratar seus serviços. Não são aceitos fabricantes de cigarros e outros produtos tóxicos e nocivos à saúde, caso do amianto, e indústrias de armamentos para civis, além de empresas e empresários que tenham se posicionado contra a ciência ou apoiado movimentos antidemocráticos. Por razões bem distintas, a agência chegou a pensar seriamente, há alguns anos, em recusar atendimentos à Samarco e à Vale, responsáveis por duas tragédias ambientais em Minas Gerais, em 2015 e 2019, que provocaram cerca de 290 mortes e devastaram a bacia hidrográfica do rio Doce. “Ficamos em dúvida e resolvemos consultar a respeito o professor Lélio Lauretti, fundador do Instituto Brasileiro de Governança Corporativa, o IBGC”, diz Pereira. “Ele observou que os funcionários e as novas gestões das duas empresas não podiam pagar o pato pelos rompimentos das barragens de rejeitos de mineração de Brumadinho e Mariana, cujos responsáveis já estavam sendo punidos. Aceitamos a ponderação e passamos a atender a Vale e Samarco”. Bem mais simples foram os processos de análise, e de descarte sumário, de quatro propostas de contratação que figuram na galeria de “causos” da agência. A primeira negociação, iniciada há cerca de dez anos, foi rapidamente interrompida em razão do “sincericídio”, na definição de Pereira, praticado pelo CEO de uma construtora, que se autodefiniu como “corrupto de bom coração”. As recusas restantes envolveram pedidos de relatórios de sustentabilidade apresentados, no último ano, por três CEOs – todos eles apoiadores do candidato derrotado no segundo turno das últimas eleições presidenciais – que defendiam um golpe de Estado no Brasil. “As demandas de prospects e clientes, salvo raríssimas exceções, são honestas e comprometidas com os princípios ESG“, diz Pereira. “Nunca recebemos, por exemplo, propostas de greenwashing e socialwashing. Mas, em compensação, fomos procurados por várias empresas que, por falta de letramento em sustentabilidade, não sabiam onde estavam se metendo”. Marcelo José Molnar, sócio-diretor da Boxnet
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