Anuário da COMUNICAÇÃO CORPORATIVA | 2023 235 sustentabilidade de produtores agrícolas ao redor do mundo. A história repetiu-se na serra gaúcha, em fevereiro, com o resgate de 207 trabalhadores mantidos em uma versão contemporânea das antigas senzalas pela Fênix Serviços Administrativos e Apoio à Gestão de Saúde. A empresa prestava serviços terceirizados de mão de obra para três vinícolas – uma das quais, por tremenda ironia, passou a fazer companhia em julho de 2022 ao InPacto (Instituto Pacto Nacional pela Erradicação do Trabalho Escravo) entre os signatários brasileiros do Pacto Global da Organização das Nações Unidas (ONU). “Adesões ao Pacto Global, longe de garantir atestados de santidade, são apenas demonstrações voluntárias de algum grau de comprometimento com os dez princípios da iniciativa da ONU, que envolvem direitos humanos, trabalho, meio ambiente e o combate à corrupção”, diz Vanessa. “Apesar dos pesares, prefiro esses movimentos aspiracionais às certificações, que deveriam ter monitoramento, mas, como o caso das fazendas mineiras de café demonstra, não o tem.” ESG à moda brasileira – No cenário ESG doméstico, o MRV é umas das principais referências. Nome de peso na indústria da construção, o grupo mineiro, que abriu o capital há 16 anos e publica relatórios de sustentabilidade com base no padrão GRI desde 2011, destaca-se também em governança, quesito menos valorizado pelas empresas nacionais. Alguns diferenciais são a composição do conselho de administração – com quatro membros independentes, que asseguram voz aos acionistas minoritários, e duas mulheres entre os seus sete integrantes – e a presença, desde 2018, na carteira do ISE (Índice de Sustentabilidade Empresarial) da B3, a bolsa de valores brasileira. “Até 2022, éramos a única construtora no ISE. Neste ano, ganhamos a companhia de uma segunda empresa do setor”, diz a gestora de comunicação Simone Maia Caetano. A sustentabilidade entrou em pauta no conglomerado há 20 anos e ganhou escala em 2010, com a criação de um departamento 100% voltado ao tema. Hoje com oito profissionais, entre os quais três engenheiros e um biólogo, o núcleo, que ganhou status de diretoria em 2019, responde sobretudo pela definição e monitoramento de políticas e ações ambientais e sociais. A segunda vertente foi reforçada a partir de 2014 com o Instituto MRV, que, entre outras atividades, banca projetos educacionais de organizações da sociedade civil (OSCs) escolhidos por comunidades onde o Grupo MRV atua. As OSCs selecionadas recebem R$ 200 mil cada e têm direito, por dois anos, a cursos gratuitos de capacitação gerencial. “Em 2022, foram contemplados cinco projetos de OSCs. A nona chamada pública será realizada no fim deste ano”, diz Simone. É no nicho ambiental, contudo, que o MRV – signatário do Pacto Global desde 2016 e comprometido com a SBTi há dois anos – concentra maiores esforços. Suas emissões totais de gases Simone Maia Caetano, gestora de comunicação da MRV
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