RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL Anuário da COMUNICAÇÃO CORPORATIVA | 2023 234 Assim como ocorre com demonstrações financeiras na esfera contábil, nem sempre relatórios de sustentabilidade e até mesmo certificações do gênero refletem o real comprometimento de empresas com os princípios ESG. Camuflagens, mentiras e omissões de informações sobre ações e rotinas executadas nos pilares ambiental e social do trinômio – os chamados greenwashing e socialwashing – são práticas comuns, da mesma forma que autênticas falcatruas sustentáveis. O caso mais grave, que ficou conhecido como Dieselgate, veio à tona há oito anos, quando a EPA (Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos) constatou que a Volkswagen havia utilizado técnicas fraudulentas para reduzir as emissões de óxidos de nitrogênio (NOx) em testes de motores movidos a diesel. O expediente garantiu à montadora alemã a venda, entre 2009 e 2015, de 11 milhões de veículos cujos propulsores, embora atendessem ao padrão de emissões da EPA nas avaliações realizadas em laboratórios – diferencial destacado em campanhas publicitárias da empresa –, expeliam 40 vezes mais NOx nas ruas e estradas. “O Dieselgate, que segue a gerar multas bilionárias, virou referência negativa na área. Sempre o abordo em aulas”, diz Vanessa Pinksy, professora da FIA Business School. “Curiosamente, entretanto, o episódio não causou rejeição expressiva à marca entre o público”. No Brasil, casos de socialwashing, alguns muito graves, são comuns entre companhias que se autoproclamam sustentáveis. Entre julho e agosto de 2022, por exemplo, uma operação do MTE (Ministério do Trabalho e Emprego) libertou 27 trabalhadores submetidos a condições análogas à escravidão de duas fazendas certificadas pela ONG Rainforest Alliance, que se propõe a atestar a Sustentabilidade disputa espaço com “lavagens” e “maquiagens”
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