Anuário da COMUNICAÇÃO CORPORATIVA | 2023 231 indicados ao IFZ por uma amiga minha”, diz Milena. “A empatia foi imediata. Iniciamos o atendimento pro bono há pouco mais de seis meses”. A Ágora responde pela produção de todos os materiais de apresentação e institucionais da ONG e contribui no mapeamento de stakeholders, no planejamento e nas relações com a imprensa. Por meio desses contatos, vem garantindo espaço em veículos para artigos de Graziano em defesa de políticas públicas contra a insegurança alimentar e a desigualdade. “A experiência tem sido valiosa e, tudo indica, vai gerar produtos para o nosso portfólio”, diz Milena. Antes restrita a grandes e médias marcas da comunicação corporativa, a seara da sustentabilidade já começa a contar com a presença, aqui e acolá, de negócios de menor porte. Com cerca de 15 funcionários, a paulista Talquimy é uma amostra relevante da tendência. Com 8,5 anos de estrada, a agência paulista registrou no último ano uma contribuição de cerca de 30% dos serviços de caráter ESG às suas receitas. “As demandas sustentáveis, que antes vinham embutidas em encomendas mais amplas, estão ganhando protagonismo”, diz Fábio Siqueira Fehrsi, sócio e diretor de criação e estratégia. “Hoje já são comuns trabalhos 100% ESG”. A própria Talquimy é testemunha desse movimento, pois suas duas principais ações no segmento são ESG puro-sangue. Desenvolvido em 2019 para o Instituto Ipê de Pesquisas Ecológicas, de Nazaré Paulista (SP), o primeiro projeto, denominado Infiltrados Ipê, teve como objetivo valorizar junto à opinião pública o papel do Sistema Cantareira, o principal manancial de água da Grande São Paulo, que atende a cerca de 7 milhões de moradores da maior região metropolitana do País. “A ideia era atingir uma parcela de 5% desse universo para ampliar, para além das audiências já estabelecidas nos canais do Ipê, a disseminação de informações relevantes sobre o Sistema Cantareira”, diz Fehrsi. “O cenário era adverso à época. As redes sociais estavam inundadas por posts negacionistas sobre o desmatamento e os efeitos negativos das emissões de carbono”. Para combater o obscurantismo digital, a contra-inteligência entrou em cena. A Talquimy “recrutou” 800 microinfluenciadores esclarecidos, que agiram como “agentes infiltrados” em grupos no WhatsApp, reunindo colegas de trabalho, amigos, parentes etc., e no Facebook. O debate foi alimentado por vídeos produzidos pela agência. “Adotamos uma linguagem bem-humorada, leve. O tema de um dos vídeos, por exemplo, era o ‘zodíaco’ da escassez de água”, diz Fehrsi. A empreitada estendeu-se por dois meses e apresentou resultados positivos. O perfil do Instituto Ipê no Facebook ganhou 12 mil seguidores e, o mais importante, a campanha de conscientização alcançou mais de 390 mil pessoas, que tiveram acesso a materiais, animações, vídeos, artigos e ainda participaram de uma live no Facebook. “Superamos a meta de público da campanha em mais de 10%. Agora, nos preparamos para a segunda fase do projeto”, diz Fehrsi. Enquanto burila novas ideias para o Ipê, a Talquimy encara outro desafio espinhoso, apresentado por uma ONG ambiental dos Estados Unidos. O cliente encarregou a agência de criar canais de diálogo e estruturar discursos e mensagens para profissionais do agronegócio nativo sobre mudanças climáticas e temas relacionados. “Já mapeamos núcleos com os quais a conversação é possível e estamos estudando formas de abordar setores mais conservadores. Um dos objetivos do trabalho é identificar convergências entre grupos distintos e pontos de partida para o diálogo”, diz Fehrsi. “É um processo naturalmente lento: não vamos convencê-los, do dia para a noite, a iniciar o plantio de árvores”. Fábio Siqueira Fehrsi, sócio e diretor de Criação e Estratégia da Talquimy
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