Anuário da COMUNICAÇÃO CORPORATIVA | 2023

Anuário da COMUNICAÇÃO CORPORATIVA | 2023 14 mento sobre as novas tendências em comunicação. A falta de gestores com essas habilidades, por outro lado, tem se refletido em fenômenos como o da “demissão silenciosa”. Nela, os funcionários realizam exatamente o que está no contrato de trabalho. Apenas as tarefas e o horário estipulados no contrato são cumpridos. Muitas vezes, uma forma de reação a ambientes profissionais em que não se sentem engajados ou que são tóxicos. A prática é levada a cabo sobretudo pela Geração Z – os nascidos entre 1995 e 2010 –, que enxerga no trabalho apenas uma das diferentes possibilidades de realização na vida. Nesse cenário, o gestor-comunicador tem a oportunidade de fazer a diferença ao unir habilidades de gestão em comunicação e liderança responsável. Atualmente, essas duas características estão entre as cinco tendências globais mais trabalhadas pelas empresas, segundo o relatório Approaching the Future: trends in reputation and intangible asset management (“Aproximando-se do Futuro: tendências em gestão de reputação e ativos intangíveis”), publicado em outubro de 2022. Produzida anualmente pelo Corporate Excellence – Centre for Reputation Leadership, pela CANVAS Estrategias Sostenibles e pela Global Alliance for Public Relations and Communication Management, a pesquisa identifica 16 tendências globais que têm impactado a agenda de negócios e sobretudo o trabalho das equipes de comunicação. Liderança Responsável e Gestão de Comunicação ficaram respectivamente em 4º e 5º lugares, logo após Propósito Corporativo, Digitalização e Diversidade, Equidade e Inclusão. Comunicar-se estrategicamente não é mais uma opção Os gestores-comunicadores serão fundamentais para construir essas novas narrativas, que incluem a integração entre os valores pessoais das equipes e da empresa; também caberá a eles o envolvimento essencial da comunicação nas estratégias de negócios e o desenho do planejamento do diálogo e relacionamento com os públicos. Comunicar-se estrategicamente não é uma opção, mas imperativo para a sustentabilidade das empresas nos médio e longo prazos. De um lado, gestoras de investimento avaliam cada vez mais aspectos sociais, ambientais e de governança das empresas – a pauta ESG não é modismo; de outro, cidadãos e consumidores cobram mais equidade, diversidade e inclusão e posicionamento em temas caros à sociedade. De dentro, equipes que cada vez mais cobram uma conexão entre o discurso do propósito e a ação no mundo real. Tudo isso conectado em uma rede imbricada, que gera milhões de informações novas a cada segundo, uma avalanche que necessita um trabalho paciente, sereno e consciente dos comunicadores. Saber mensurar as informações, analisá-las, fazer curadoria, monitorar a desinformação em suas dimensões de texto, imagem e áudio, para então posicionar suas organizações perante a sociedade, traduzir e transmitir as mensagens de forma responsável, liderando esse processo de transformação das empresas e instituições, será o papel do gestor- -comunicador. A hora é agora. Mãos à obra! Paulo Nassar, diretor-presidente da Aberje (Associação Brasileira de Comunicação Empresarial) Professor titular da ECA-USP (Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo) Hamilton dos Santos, diretor-executivo da Aberje (Associação Brasileira de Comunicação Empresarial) ABERJE

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