Anuário da COMUNICAÇÃO CORPORATIVA | 2023

Anuário da COMUNICAÇÃO CORPORATIVA | 2023 13 A capacidade humana de se conectar e dialogar transformou a sociedade humana ao longo dos séculos, mas não foi uma evolução linear. De tempos em tempos ocorrem saltos vertiginosos no que diz respeito às tecnologias de comunicação e seus efeitos no comportamento humano. Atualmente, nesta segunda década do século XXI, em um mundo transformado pela pandemia da Covid-19, por uma guerra que abala as cadeias globais de valor, e, de forma mais intensa neste ano de 2023, pelas poderosas e assustadoras possibilidades que a inteligência artificial (IA) tem se apresentado ao público geral, vivemos um momento assim, único. A chegada da world wide web em 1990 e sua vertiginosa expansão nos tornou seres conectados 24 horas por dia, sete dias por semana. Desligamos apenas quando – literalmente – a internet cai. No restante do tempo sabemos instantaneamente o que está acontecendo no mundo pelas diversas telas que nos cercam. Essa hiperconexão permeia, para o bem e para o mal, nossas relações pessoais e profissionais. As empresas e instituições, como partes relevantes e presentes na sociedade, também estão imbuídas nessa hiperconectividade e nesse diálogo permanente com os públicos – afinal, desde a consolidação das redes sociais e das mídias proprietárias das marcas, toda empresa é também uma “empresa de mídia”. Isso traz uma mudança de perspectiva importante: as organizações tornam-se agentes fundamentais para a criação de valores na sociedade. E quanto mais conectados estamos, mais relevante mostra-se o papel desempenhado pelas comunicadoras e comunicadores corporativos, quando alinhados com a criação de riqueza e com o desenvolvimento voltado para o bem-estar social. A capacidade de promover o diálogo constante entre os diversos públicos das empresas e instituições que representam, tendo como guias a ética, a inovação, a pluralidade e o humanismo, faz das comunicadoras e comunicadores pessoas fundamentais na elaboração, promoção e difusão das visões estratégicas dessas organizações. Uma missão singular, que necessita cada vez mais de profissionais preparados para lidar com a gestão do ideário da organização, de grandes orçamentos e equipes multidisciplinares. Orçamento supera R$ 30 bilhões Pesquisa exclusiva realizada pela Aberje (Associação Brasileira de Comunicação Empresarial) constatou um orçamento de R$ 30,2 milhões destinados às atividades de comunicação empresarial em empresas com faturamento anual bruto acima de R$ 300 milhões em 2022. Um crescimento de cerca de 6% acima da média do PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro no mesmo ano, que ficou em 2,9%. Esse resultado sugere a importância crescente e a complexidade do mercado de comunicação empresarial. Que não sejamos ingênuos: os desafios serão cada vez maiores e somente habilidades sólidas de gestão serão capazes de prover os comunicadores com conhecimentos sólidos para participar como protagonistas das transformações organizacionais. A geração contemporânea de gestores-comunicadores terá de lidar, cada vez mais, com desafios múltiplos, que começam por um conhecimento profundo das disciplinas e da linguagem da administração, das “planilhas” da alta gerência e do C-Level. Passa também por uma liderança responsável, capaz de construir, dentro de suas equipes – e de influenciar a cultura organizacional como um todo –, ambientes seguros, acolhedores, que lidem com a diversidade de perfis das equipes atuais. E que, ao final, possibilite a essas equipes darem mais resultados – já não são novidades estudos como os de Donald Winnicott, que demonstram o impacto negativo, sobre o ambiente corporativo, dos falsos selfies, indivíduos que criam e protagonizam personas no cotidiano do trabalho para atender às expectativas acerca de seu desempenho em detrimento de verdadeiros engajamento e pertencimento. Em suma, o gestor-comunicador terá de unir gestão de pessoas e comunicação à capacidade de gerenciar valores financeiros como os apontados pela pesquisa. A união desses talentos necessita de treino e estudo. Com esse intuito, a Escola Aberje de Comunicação firmou no ano passado uma parceria com a FGV (Fundação Getulio Vargas) para a oferta do MBA em Gestão da Comunicação Empresarial. O MBA tem preparado, desde 2011, os comunicadores para atuar em posições de liderança que necessitam, além das habilidades já levantadas, de atualização tecnológica e aprimoramento no conheciPaulo Nassar e Hamilton dos Santos

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